Crescimento, inflação e emprego: o que espera a América Latina em 2023?

CEPAL adverte que a inflação em 2023 pode ser maior do que a registrada na região antes da pandemia da COVID-19.
CEPAL adverte que a inflação em 2023 pode ser maior do que a registrada na região antes da pandemia da COVID-19.

Após um novo ano de recuperação da Covid-19, a região da América Latina e do Caribe deverá registrar uma alta de 3,7% no PIB e um crescimento no emprego. No entanto, é prevista uma desaceleração para 2023.

A Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) prevê no seu relatório mais recente que a economia da região aumente em 3,7% no final de 2022 e tenha um crescimento ainda menor, de 1,3%, em 2023.

Tal reflete a redução do “efeito ricochete”, que foi particularmente forte em 2021, após uma grande recessão no ano 2020. A CEPAL também adverte que a América Latina e o Caribe terão um crescimento lento no final da década de 2014 a 2023, podendo atingir 0,9%, o que seria inferior à “década perdida” dos anos 1980, quando a taxa chegou a 2%.

A Visão Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe, um órgão econômico da ONU, vê esse desenvolvimento acontecendo devido a tendências globais, influenciadas pelo conflito na Ucrânia e as subsequentes sanções à Rússia, pressões inflacionárias, endividamento e a redução do emprego formal.

Quanto à economia global, ela deve terminar o ano com um crescimento de 3,1% em 2022 e de 2,6% em 2023, com os preços da energia e dos alimentos continuando sua subida acentuada.

Inflação persistente

Segundo o relatório, a inflação na América Latina e Caribe cairá pelo menos 1,6 ponto porcentual até o final de 2022, apesar de um aumento nos preços dos alimentos, que atingiu 12,5%, o mais alto desde a crise financeira global de 2008. Já a energia tem tido uma tendência descendente desde a maior taxa de inflação em novembro de 2021, quando chegou aos 17,6%.

No entanto, a CEPAL adverte que a inflação em 2023 pode ser maior do que a registrada na região antes da pandemia da COVID-19.

Espera-se que em 2023 as economias avançadas tenham uma inflação de 4,4% e as emergentes e em desenvolvimento de 8,1%. Ambas as cifras são mais baixas do que em 2022, mas mais altas do que as taxas médias pré-pandêmicas.

Exportações e importações

Durante 2022, a região latino-americana deverá expandir o valor das exportações de mercadorias em até 20%, um valor inferior ao crescimento registrado em 2021, quando chegou aos 28%. A CEPAL explica a desaceleração como respondendo em maior medida ao aumento dos preços do que ao volume exportado.

Quanto às importações, estas crescerão 24% em 2022 e, em linha com as exportações, o aumento será sobretudo devido ao aumento dos preços de importação, e só depois ao aumento do volume das importações.

Entretanto, relativamente ao comércio intrarregional, a agência da ONU alerta para uma queda de 3,4%, após aumentos nos preços das exportações e importações, de 14% e 18%, respectivamente.

Emprego e informalidade

Durante 2022, os mercados de trabalho continuaram sua recuperação dos efeitos pandêmicos. O desemprego atingiu um pico de 11,5% durante o terceiro trimestre de 2020 e terá caído pelo menos 4 pontos percentuais até o segundo semestre de 2022 (7%). Durante este período foram criados empregos, especialmente nos setores de comércio, turismo, hotelaria, serviços e fabricação industrial.

Apesar disso, de acordo com o documento, a informalidade regional disparou no primeiro semestre de 2022, atingindo 48,8%, mais do que em 2021 e até mesmo em 2020. O salário médio real na América Latina e Caribe também caiu 0,6% no segundo trimestre de 2022.

Dívida pública

Outro fator econômico que afeta a realidade econômica da região é o nível de endividamento dos governos. Em média, os países mantiveram uma dívida de 51,2% do PIB até setembro de 2022, um valor que diminuiu, embora não significativamente em comparação com 2021, quando registrou 53,1%.

Igualmente, “as necessidades de financiamento externo para 2023 serão de cerca de US$ 571 bilhões [R$ 3,03 trilhões] para a região”, devido ao fato de que os países terão que assumir compromissos de dívida externa no valor de US$ 462 bilhões (R$ 2,45 trilhões) e “financiar um déficit na conta corrente da balança de pagamentos, que está estimado em cerca de US$ 109 bilhões [R$ 579,07 bilhões]”.

*Com informações da Sputnik News.


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