Gastos descontrolados com bônus para executivos e chegada de ChatGPT podem fazer gigantes da tecnologia como Google e Facebook perderem mercado e influência

Sam Altman é CEO da OpenAI. A empresa lançou o ChatGPT, um novo chatbot capaz de ter conversas fluídas e realistas com seres humanos. 
Sam Altman é CEO da OpenAI. A empresa lançou o ChatGPT, um novo chatbot capaz de ter conversas fluídas e realistas com seres humanos. 

tecnAlém disso, os tradicionais gigantes da tecnologia não previram a chegada da inteligência artificial ChatGPT ao grande público e gastaram dinheiro descontroladamente sem pensar a longo prazo.

Cerca de 12 mil demissões na Alphabet (Google), outras 11 mil na Meta (Facebook, Instagram), além de 10 mil na Microsoft, 18 mil na Amazon, 8 mil na Salesforce, 4 mil na Cisco e 3,7 mil no Twitter: a conta da exuberância dos últimos anos está saindo cara para o mundo das tecnologias, e não apenas nos Estados Unidos. Além das empresas com sede na Califórnia, o sueco Spotify também anunciou que está se desfazendo de 6% de sua folha de pagamento (cerca de 600 pessoas).

Para o Google, será mais de 6% da força de trabalho. “Nos últimos dois anos, passamos por períodos de crescimento espetacular”, reconheceu Sundar Pichai, chefe da Alphabet, grupo de que o Google faz parte.

“As principais empresas de tecnologia contrataram em um ritmo insustentável, e a deterioração do ambiente macroeconômico agora as está forçando a demitir”, comentou um especialista.

Demissões violentas

As redes sociais se encheram de relatos de como as demissões na Alphabet foram vivenciadas como uma violência para os funcionários que, muitas vezes, acreditavam ter alcançado o emprego dos sonhos.

Em uma página do LinkedIn, os empregados contam as condições da demissão e o choque experimentado em sua carreira profissional. Algumas mulheres estavam grávidas ou com filhos pequenos, outros estão há apenas um ano do exterior para trabalhar no Google e se encontraram em uma situação crítica.

Mesmo empregados com mais de 20 anos de carreira na empresa foram comunicados por e-mail ou diante da porta fechada da Alphabet. Outros foram desligados em suas próprias casas, ao perceberem que seus dispositivos conectados de trabalho começaram a funcionar de maneira diferente naquele dia.

Em um setor que encoraja as pessoas a exporem suas vidas nas redes sociais, nos últimos dias, os relatos mostram o reverso desta exposição.

Na França e na Alemanha, onde a legislação é diferente, as consequências das demissões serão sentidas mais tarde. Mas a angústia já é grande.

Nos Estados Unidos, os funcionários demitidos receberão pelo menos 16 semanas de salário, seus bônus de 2022, férias remuneradas e seis meses de seguro de saúde. Funcionários estrangeiros estabelecidos no país também poderão se beneficiar de assistência em seus procedimentos legais se desejarem permanecer em solo americano.

Falta de previsão

Entre as mensagens de compaixão pela perda do emprego, há também comentários negativos nas redes sociais, sobre a atitude das empresas. Para muitos no Vale do Silício, estes últimos anos foram de desperdícios que custaram caro para os gigantes do GAFA (Google, Amazon, Facebook e Apple).

A chegada estrondosa do ChatGPT — que teria custado quase US$ 1 bilhão — está prejudicando o Google, que parece não ter previsto esta situação. O mesmo acontece com o moribundo Youtube diante do chinês TikTok e com a Meta (Facebook e Instagram), que está praticamente sem fôlego.

A hashtag #googlelayoffs (demissões do Google, em tradução livre) costuma vir acompanhada por outras mais agressivas sobre as condições de trabalho na empresa, cheias de “regalias” para os empregados, consideradas exageradas entre as empresas de tecnologia. A falta de estratégia de longo prazo da gigante de tecnologia também não é poupada nos comentários.

“Eu sei que não deveria me vangloriar sobre a Openai, mas a densidade de talentos nessa escala (375 pessoas) é alucinante, e acho que nunca aconteceu na indústria da tecnologia na história recente”, publicou no Twitter Sam Altman, fundador da Openai, empresa criadora do Chat GPT. A companhia tem apenas 375 empregados, uma situação nunca vista neste setor.

Desde o lançamento desta tecnologia, a primeira interface de conversação com uma inteligência artificial, muitos dizem que os dias do Google estão contados.

Além disso, o setor de tecnologia enfrenta há algum tempo um período difícil, em um contexto de alta inflação e aumento das taxas de juros, especialmente desde o auge da pandemia de Covid-19.

Na opinião de Naveen Sarma, da agência de classificação de risco S&P Global Ratings, as empresas de tecnologia devem aceitar “que não crescerão tão rapidamente ou investirão tanto em novos produtos e serviços quanto pensavam”.

Neste contexto, os anunciantes estão mais relutantes em investir em despesas publicitárias, que representam uma parte significativa do volume de negócios de empresas como Google, Facebook e Twitter.

“A festa do hipercrescimento acabou para as empresas de tecnologia, que gastavam dinheiro como estrelas de rock nos anos 1980”, avalia um analista.

A empresa de tecnologia

OpenAI é uma instituição sem fins lucrativos de pesquisa em inteligência artificial (IA), que tem como objetivo promover e desenvolver IA amigável, de tal forma a beneficiar a humanidade como um todo. A organização busca “colaborar livremente” com outras instituições e com pesquisadores tornando suas patentes e pesquisas abertas ao público.

A empresa é apoiada por mais de US$1 bilhão em compromissos; no entanto, espera-se que somente uma pequena fração desses $1 bilhão seja usada nos primeiros anos. Os fundadores são motivados, em parte, pelos riscos existenciais da inteligência artificial geral.

ChatGPT: O modelo chamado ChatGPT interage de forma conversacional.

O formato de diálogo permite que o ChatGPT responda a perguntas de acompanhamento, admita seus erros, conteste premissas incorretas e rejeite solicitações inadequadas.

O ChatGPT é um modelo irmão do InstructGPT, que é treinado para seguir uma instrução em um prompt e fornecer uma resposta detalhada.

Participantes

    • CEO: Sam Altman, ex-presidente da aceleradora de startups Y Combinator
    • Ilya Sutskever, diretora de pesquisa, ex-especialista do Google em aprendizado de máquina
    • CTO: Greg Brockman, ex-CTO da Stripe

Outros apoiadores do projeto incluem

    • Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn
    • Peter Thiel, cofundador do PayPal
    • Jessica Livingston, sócia fundadora da Y Combinator

Empresas

    • Infosys, uma empresa indiana de TI
    • Divisão de serviços em nuvem da Microsoft

Com informações da RFI.


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