Guerra, inflação e juros altos derrubam economia mundial; Brasil cresce 0,9%, diz FMI; Brasil deve crescer 0,9% em 2023

O Fundo Monetário Internacional publicou relatório de atualização das Perspectivas da Economia Mundial para 2023.
O Fundo Monetário Internacional publicou relatório de atualização das Perspectivas da Economia Mundial para 2023.

A economia global esmorece, com um crescimento de 2,8% em 2023, e de 3% durante os cinco anos seguintes, “o mais baixo em décadas”, estimou nesta terça-feira (11/04/2023) o Fundo Monetário Internacional (FMI), que considera esta perspectiva “anêmica”. O Brasil deve crescer 0,9% neste ano, segundo as previsões do organismo.

Se for considerado que “as recentes tensões do setor financeiro serão contidas”, o crescimento cairá de 3,4% em 2022 a 2,8% em 2023, antes de subir lentamente e fixar-se em 3% durante cinco anos: “o prognóstico a médio prazo mais baixo em décadas”, afirma o Fundo na atualização de suas Perspectivas da Economia Mundial.

O organismo espera uma desaceleração acentuada nas economias desenvolvidas, de 2,7% em 2022 a 1,3% em 2023. “A perspectiva anêmica” é um reflexo da alta das taxas de juros e das “políticas rígidas necessárias para reduzir a inflação”, afirma o organismo. É, além disso, uma consequência da recente deterioração das condições financeiras, da guerra em curso na Ucrânia e “da fragmentação do crescimento geoeconômico”, explica o relatório, em referência à tendência crescente de afastar-se da globalização que dominou a economia durante a segunda metade do século 20 para abraçar medidas protecionistas.

A fragmentação prejudica principalmente todas as “economias mais vulneráveis do sul global” que “se beneficiaram muito com a globalização e o regime comercial que prosperou nas últimas décadas”, afirmou nesta terça-feira a primeira vice-presidente do governo espanhol e ministra da Economia, Nadia Calviño, durante um ato organizado pelo ‘think thank’ Atlantic Council.

E pode ser pior com um “plausível cenário alternativo, com mais estresse no setor financeiro”, afirma. Neste caso, o crescimento cairia para em torno de 2,5% em 2023, o que o tornaria o mais fraco desde a crise de 2001, se excluídos o ano da pandemia e o colapso financeiro mundial de 2009.

A economia da América Latina e Caribe crescerá 1,6% este ano (-0,2 pp) e 2,2% em 2024.

Por países e áreas econômicas, a organização financeira projeta um crescimento para o Brasil este ano de 0,9%, México 1,8%, Argentina 0,2%, Bolívia 1,8%, Colômbia 1%, Equador 2,9%, Paraguai 4,5%, Peru 2,4%, Uruguai 2% e Venezuela 5%. Já a América Central crescerá 3,8% e o Caribe 9,9%. A economia do Chile, no entanto, contrairá este ano em cerca de 1%, indica o Fundo.

“Turbulências”

O aumento das taxas de juros para controlar a inflação tem “efeitos secundários” evidentes, indica o relatório. Se refere, em particular, à quebra de três bancos regionais americanos e à compra apressada do Credit Suisse por seu concorrente UBS.

“Os efeitos de uma rigidez monetária no setor financeiro podem parecer preocupantes, temos repetidamente enfatizado que o combate à inflação não será um caminho fácil de seguir”, disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em entrevista coletiva nesta terça-feira.

A inflação continuará alta em 2023, em torno de 7% a nível mundial, mas o que mais preocupa a instituição é a inflação subjacente, que exclui elementos mais voláteis como os alimentos e a energia.

“A resposta maciça da maioria dos bancos centrais está começando a aproximar a inflação de seu objetivo de 2%. Porém, em alguns países a inflação não alcançou seu pico, o que pode obrigar a rigidez monetária a ir mais longe”, destacou Gourinchas.

Apesar disso, o FMI revisou para cima suas previsões de crescimento este ano para os Estados Unidos, a maior economia mundial, para 1,6% (+0,2 pontos percentuais em relação às publicadas em janeiro), e 1,1% (+0,1 pp) em 2024.

A previsão para a zona do euro também melhorou e a região deve crescer 0,8% (+0,1 pp), assim como a do Reino Unido, que terminará o ano em recessão, mas em um nível melhor do que o esperado, com uma contração de 0,3%.

A Alemanha também corre risco de recessão (-0,1% em 2023), enquanto a Espanha se encontra em melhor situação, com crescimento previsto de 1,5% em 2023 e 2% em 2024.

China fraqueja

 China atua como locomotiva econômica mundial e sua recuperação alivia os problemas na rede de abastecimento. Porém, suas perspectivas também não são animadoras. Após abandonar a política de Covid zero, a economia chinesa crescerá 5,2% em 2023, mas desacelerará a partir de 2024 até 4,5%, um número muito baixo para o país.

Este panorama levou o FMI a mudar de ideia a partir de janeiro: já não fala mais em “aterrissagem suave”, com uma inflação baixa e crescimento constante da economia. Agora, adverte que a inflação persiste e a situação do setor financeiro traz incertezas.

“Há riscos para a economia chinesa, em especial, no setor imobiliário. A reabertura (após a covid zero) também foi marcada por um aumento no consumo, mas não tão alto como o que vimos em outros países”, afirmou o economista-chefe do FMI.

E há mais riscos no ar: os “níveis de dívida continuam altos”, uma intensificação da guerra na Ucrânia pode disparar novamente os preços das matérias-primas e “as tensões geopolíticas são altas”, conclui.

Com informações da RFI e AFP.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.