Com potências emergentes como China, Turquia, Arábia Saudita, Índia e Rússia criando novas alianças políticas e econômicas, a ordem “baseada em regras” promovida pelos EUA e UE está prejudicando as próprias economias.
Karin Kneissl, ex-ministra das Relações Exteriores da Áustria, destacou que Moscou e Teerã tiveram um papel importante no processo de mediação para a reconciliação entre Síria e Turquia, criando alguma perplexidade em Washington. Isso porque Washington alega ter sido “deixado de lado e frustrado” no processo.
“Acredito que com uma boa dose de pragmatismo [a aproximação entre Ancara e Damasco é possível], que há disso lá, também graças a uma mediação equidistante russa que mantém o instrumento natural da equidistância, não favorecendo uma parte, então isso ajuda a consolidar a esperança”, afirmou Kneissl.
Além disso, a diplomata destacou a importância do Oriente Médio na formação de um novo mundo multipolar, descrevendo as nuances na terminologia, que podem ajudar a entender as mudanças.
“Neste mundo multipolar, há muitos, muitos polos crescendo de diferentes lados. E o Oriente Médio como tradicionalmente tem sido chamada esta região – do ponto de vista de Londres é o Oriente Médio, mas na maioria dos idiomas continentais é o Oriente Próximo, também em russo. Mas o termo Sudoeste Asiático, usado na terminologia das Nações Unidas para essa região, talvez seja o mais preciso, pois complementa a ideia da Eurásia e a região da Turquia descendo até a Jordânia e chegando ao golfo Pérsico, ao Cáspio, tudo isso como parte do Sudoeste Asiático”, explicou.
Kneissl também destacou que, além da China, Rússia e Arábia Saudita, que estão formando um novo mundo multipolar, a Índia e países da América Latina, como Brasil e Argentina, também estão elogiando o papel de algumas nações, como a África do Sul e outras.
Falando sobre as políticas externas do Ocidente, Kneissl afirmou que prejudicam os interesses econômicos da UE globalmente, comprometendo e colocando suas próprias empresas em risco.
Karin Kneissl foi ministra dos assuntos internacionais e europeus da Áustria de 2017 a 2019.
EUA ficam assustados com mundo multipolar e tentam debilitar China e Rússia, diz FP
A revista Foreign Policy relatou que os EUA tentam debilitar a Rússia e sufocar a China devido ao seu profundo medo de um mundo multipolar.
A supremacia e unilateralismo norte-americanos estão cada vez mais perto do fim, fazendo com que o governo Biden recorra a medidas e ações “ofensivas” contra seus principais concorrentes, relata a mídia.
De acordo com o professor Stephen M. Walt, o unilateralismo não só foi desafiado por países abertamente opostos ao modelo econômico norte-americano, como Rússia e China, pois os países aliados de Washington, como a França e a Alemanha, também assumiram um modelo multipolar.
Por sua vez, os líderes americanos não estão de acordo, pois desejam a qualquer custo manter o controle sobre o mundo, impondo suas condições, seus meios de vida e influenciando e controlando todos em prol de seus interesses.
E é exatamente por temer o fim de sua “supremacia” que a administração Biden está tentando debilitar a Rússia e sufocar a China, dois países que não podem ser controlados pelas doutrinas americanas e que podem criar um mundo multipolar.
De acordo com o especialista, a unipolaridade não foi boa para os EUA, que se viram envolvidos em diversos conflitos caros e inúteis, como no Iraque e Afeganistão, servindo apenas para fortalecer a China.
“O regresso da multipolaridade recriará um mundo onde a Eurásia possui diversas potências importantes e de diferentes forças”, afirmou o especialista.
Stephen M. Walt ainda destacou que agora é o momento de os Estados Unidos se focarem em “escolher os aliados apropriados”.
“Em um mundo multipolar, as outras grandes potências gradualmente assumiram uma maior responsabilidade por sua própria segurança, reduzindo assim as cargas globais dos EUA”, afirmou.
Segundo ele, conter o modelo multipolar poderia ser não apenas dispendioso, como inútil, mesmo que a Rússia seja debilitada, o grande tamanho do país, seu arsenal nuclear e seus abundantes recursos naturais manteriam o país entre as grandes potências.
O mesmo ocorre sobre as restrições de exportações e desafios impostos para conter a China, pois o gigante asiático tem poder para alcançar seu ponto máximo na próxima década, contudo continuará sendo um ator importante e suas capacidades militares seguirão sendo melhoradas.
*Com informações da Sputnik Brasil.
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