Livro Cinquenta Tons de Racismo é lançado pela Matrix Editora

Em novo livro, doutora em Educação Janaína Bastos faz resgate histórico para evidenciar como brasileiros são considerados "mais brancos" ou "mais negros" conforme o contexto socioeconômico.
Em novo livro, doutora em Educação Janaína Bastos faz resgate histórico para evidenciar como brasileiros são considerados "mais brancos" ou "mais negros" conforme o contexto socioeconômico.

Estatísticas demonstram que o Brasil é o país que possui a maior população negra fora da África, sendo que a maior parte desse contingente é formado por aqueles autodeclarados “pardos”, como oficialmente são chamadas as pessoas mestiças, que descendem da união de diferentes etnias. Segundo dados do IBGE de 2021, 47% dos brasileiros se reconhecem pardos, 43% brancos e 9,1% pretos.

Os números indicam que o binarismo “branco/negro” pode não ser suficiente para abranger a diversidade étnica e, principalmente, os dilemas raciais da nação. Para contribuir com este debate, a doutora em Educação Janaína Bastos lança o livro Cinquenta Tons de Racismo pela Matrix Editora.

A obra apresenta um apanhado histórico sobre a questão racial brasileira, analisando suas raízes desde o tempo da colonização e do escravismo, passando pelo branqueamento promovido por meio da imigração europeia nos séculos XIX e XX, até chegar às teorias que percebem a miscigenação como positiva e que dariam origem ao mito da democracia racial, explorado à exaustão como símbolo nacional de harmonia e respeito.

Fruto da tese de doutorado da autora, o título revela como a percepção da cor da pele no Brasil, sobretudo dos pardos, varia conforme o contexto socioeconômico, cultural e geográfico. Assim, o indivíduo pode ser percebido como “mais para branco” ou “mais para negro” dependendo da renda, da escolaridade, da cidade onde mora, do vestuário, dos hábitos e do linguajar.

Termos como “moreno claro”, “moreno escuro”, “escurinho” e “mulato” são popularmente utilizados para definir aqueles que não são totalmente percebidos nem como brancos, nem como negros. Segundo Janaína, porém, a população não se dá conta de que não há “raça pura”.

“Os brancos brasileiros, em sua maioria, embora se vejam ou sejam percebidos como tais, e muitas vezes usufruam de determinados privilégios, são também mestiços, com ancestrais europeus, indígenas e africanos”, explica.

Nesse embate gerado pela ambiguidade dos tons de peles dos mestiços, o racismo se manifesta de forma cruel. Isso porque, explica a autora, muitos optam pelo caminho da busca pelo branqueamento para evitar o preconceito. Daí decorre a negação de traços negroides, por meio da raspagem ou do alisamento dos cabelos, por exemplo, o ocultamento dos ancestrais negros e a identificação com valores da branquitude.

Em Cinquenta Tons de Racismo, Janaína Bastos oferece uma abordagem crítica e esclarecedora sobre a construção da identidade racial brasileira e os desafios enfrentados pelos mestiços. Com base na análise de extensa pesquisa documental e bibliográfica, a autora evidencia a necessidade de mergulhar nas complexidades e contradições históricas e sociais para compreender a realidade e promover uma transformação efetiva.


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