Brasil supera os EUA e se torna o maior exportador mundial de milho

A rivalidade no mercado de grãos continuará a moldar o cenário agrícola global.
A rivalidade no mercado de grãos continuará a moldar o cenário agrícola global.

O Brasil atingiu um marco importante na arena global de exportação de alimentos, superando os Estados Unidos e se tornando o maior exportador mundial de milho no ano agrícola de 2023. A mudança representa mais um golpe para a agricultura norte-americana, que já havia cedido a liderança nas exportações de soja e trigo para o Brasil e a Rússia, respectivamente, nas últimas décadas.

Um novo líder nas exportações de milho

Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram que, no último ano, o Brasil respondeu por 32% das exportações mundiais de milho, enquanto os Estados Unidos, tradicionalmente líderes mundiais nesse segmento, representaram apenas 23% do mercado. O volume de exportação brasileira atingiu 56 milhões de toneladas, enquanto os norte-americanos exportaram apenas 41,277 milhões.

Segundo Sergio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais do Brasil (ANEC), o Brasil está bem posicionado para manter essa liderança nos próximos anos. Ele enfatiza que não vê obstáculos significativos que possam desbancar o Brasil desse posto, a menos que ocorra algum evento climático imprevisto.

Milho: a cultura de crescimento brasileira

Mendes aponta que uma das razões fundamentais para o sucesso do Brasil no mercado de milho é a integração dessa cultura com a soja. Os produtores de soja passaram a adotar o milho como uma cultura intermediária plantada durante a entressafra. Essa abordagem permitiu o uso eficiente do solo, impulsionando a produção de milho no país.

José Carlos de Lima Júnior, sócio diretor da Consultoria Markestrat, especializada em estratégia de agronegócios, acrescenta que houve um aumento significativo no emprego de tecnologia na produção de milho no Brasil. Os produtores perceberam que o milho pode gerar receita efetiva, incentivando investimentos em tecnologia, especialmente em termos de sementes.

Historicamente, os Estados Unidos ocuparam a liderança na exportação mundial de milho, com a exceção de 2013, quando o Brasil superou brevemente os EUA nesse setor. Um dos principais desafios para as exportações dos EUA é a necessidade de garantir o abastecimento do mercado interno, que é muito maior em comparação com o mercado brasileiro.

Além disso, os EUA enfrentaram dificuldades devido à instabilidade nos preços dos fertilizantes nitrogenados, necessários para o cultivo de milho, que eram importados principalmente do Canadá.

Impacto da guerra comercial e a China

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China também pode ter contribuído para a perda de liderança nas exportações norte-americanas de milho. A China, em busca de alternativas aos EUA, firmou acordos bilaterais com o Brasil para expandir o comércio bilateral de grãos. A demanda chinesa desempenhou um papel fundamental na definição do novo líder das exportações globais de milho.

A mudança no cenário das exportações de milho reflete não apenas as dinâmicas de mercado, mas também a influência de fatores climáticos, tecnológicos e comerciais. O Brasil está consolidando sua posição como um ator-chave na agricultura global, e a competição no mercado de grãos promete continuar moldando o cenário agrícola internacional.

*Com informações da Sputnik News.


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