Reportagem de Matheus Teixeira e João Pedro Pitombo publicada neste domingo (17/09/2023) no Jornal Folha de S.Paulo revela que os petistas aliados políticos de longa data na Bahia, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), encontram-se em uma situação de tensão que ameaça abalar as bases da política baiana e a harmonia no governo federal. A amizade de mais de quatro décadas entre os dois líderes petistas se desintegrou, expondo um racha que se tornou evidente no início deste ano, quando Wagner criticou abertamente a indicação da esposa de Rui para o Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. Embora ambos insistam publicamente na manutenção de relações amigáveis, as disputas internas e divergências de opinião evidenciam o afastamento entre eles.
As divergências entre Rui Costa e Jaques Wagner ficaram mais claras em debates sobre indicações para cargos importantes, como no caso da corrida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Rui defendeu a indicação de Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), enquanto Wagner preferiu Jorge Messias, advogado-geral da União e seu ex-assessor no Senado. A divisão também afetou a briga pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde ambos apoiaram candidatos diferentes, resultando em um impasse na composição da lista enviada ao Executivo.
A trajetória de amizade entre Wagner e Costa começou há mais de 40 anos quando ambos se destacaram como líderes do antigo Sindicato dos Químicos e Petroleiros, uma influente entidade sindical no Polo Industrial de Camaçari. No entanto, o afastamento gradual teve início durante o primeiro mandato de Rui Costa, impulsionado pela decisão de Wagner de dar liberdade a seu sucessor para tomar as decisões no governo.
O racha se agravou durante a sucessão de 2022, quando Rui Costa planejava renunciar ao governo e concorrer ao Senado, enquanto trabalhava nos bastidores para lançar sua esposa, Aline Peixoto, como candidata a deputada federal. Wagner, por sua vez, defendia uma candidatura do PT na disputa, mas acabou desistindo após não obter apoio suficiente. Essas divergências resultaram no rompimento do Partido Progressista (PP), que buscava um mandato de governador-tampão.
Embora tenham reconciliado após as eleições vencidas por Jerônimo Rodrigues, os embates ressurgiram com a indicação de Aline Peixoto para o Tribunal de Contas dos Municípios, uma nomeação vitalícia com salário significativo. Wagner criticou a indicação a aliados, mas só tornou sua posição pública em fevereiro, quando afirmou que não concordava com a nomeação.
As divergências entre os dois também afetaram a sucessão para a Prefeitura de Salvador, com Rui Costa tentando emplacar José Trindade (PSB) e Wagner defendendo outras opções. O resultado é um cenário de incerteza que promete continuar, com a decisão final sobre a candidatura cabendo ao governador Jerônimo Rodrigues.
Com as eleições de 2026 se aproximando, tanto Rui Costa quanto Jaques Wagner planejam concorrer ao Senado, mas partidos aliados buscam ao menos uma vaga na chapa e rejeitam uma candidatura exclusivamente petista. Com as tensões em alta, aliados descartam um rompimento iminente entre os dois, preocupados com a instabilidade que isso poderia causar na base de Jerônimo Rodrigues.
Leia +
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




