Liberalismo em crise é resposta dos que não aceitam mais Ocidente ser a medida das coisas, diz filósofo político russo

Dugin critica o liberalismo por promover um individualismo anti-humano e transumano.
Dugin critica o liberalismo por promover um individualismo anti-humano e transumano.

O liberalismo, uma ideologia que dominou a cena global nas últimas décadas, está enfrentando uma crise profunda, de acordo com o filósofo político russo Aleksandr Dugin. Em uma entrevista ao podcast Novas Regras da Sputnik, Dugin discutiu o declínio do liberalismo e argumentou que sua hegemonia ideológica está desmoronando, enquanto novas potências, incluindo a Rússia e a China, apresentam alternativas.

Dugin observou que os movimentos populistas que surgiram nos Estados Unidos e na Europa demonstram um crescente descontentamento com as instituições liberais, que muitos veem como incapazes de lidar com questões de política externa e fracassos econômicos. Ele também destacou que a visão de futuro promovida pelo Ocidente liberal é frequentemente sombria, retratando um mundo de catástrofes e decadência.

O filósofo russo argumentou que o liberalismo se transformou de uma versão individualista do humanismo em uma ideologia que promove o individualismo anti-humano e transumano. Ele afirmou que o liberalismo, desde seu início, buscou destruir todas as formas de identidade coletiva, incluindo religião, família e nacionalidade, em favor do individualismo.

Dugin também desafiou a ideia de que o liberalismo é responsável pelo progresso econômico e tecnológico, argumentando que esses supostos sucessos econômicos foram acompanhados pela destruição do ambiente social e pela redução da cultura intelectual humana a uma cultura de reações simplistas.

Ele também destacou que a China, um país que adotou um modelo político altamente “iliberal”, alcançou um rápido crescimento econômico, desafiando a alegação de que o liberalismo ocidental é a única maneira de alcançar o progresso econômico.

Segundo Dugin, o liberalismo começou a degradar-se rapidamente após o fim da Guerra Fria. Ele afirmou que a competição ideológica com o comunismo e o fascismo durante o século XX forçou o liberalismo a atrair apoiadores.

No entanto, o filósofo argumentou que, agora, o liberalismo global moderno está se tornando uma espécie de ditadura totalitária, impondo a todos a necessidade de adotar suas ideias sem justificativa.

Dugin também enfatizou que a Rússia está empenhada em acelerar a queda do liberalismo, especialmente após o início da crise na Ucrânia. Ele observou que o conflito se transformou em uma luta mais ampla contra a supremacia geopolítica do Ocidente.

A busca pela vitória forçou a Rússia a se distanciar do “niilismo profundo e da natureza tóxica do sistema liberal ocidental” e a redescobrir sua verdadeira identidade civilizacional, de acordo com Dugin.

Ele enfatizou que esse processo não está limitado à Rússia e previu que outras nações, como a China, eventualmente enfrentarão uma situação semelhante. Ele também apontou que regiões como a África, o mundo islâmico, América Latina e Índia já estão começando a se opor ao racismo ocidental e à hegemonia.

Em última análise, Dugin argumentou que a luta não é contra o Ocidente em si, mas contra a pretensão ocidental de ser universal e a imposição de suas ideias. Ele concluiu que enquanto essa pretensão existir, a luta continuará.

A crítica de Aleksandr Dugin ao liberalismo reflete uma perspectiva contrária a essa ideologia, e suas opiniões são controversas e debatidas. É importante notar que o liberalismo possui uma variedade de vertentes e interpretações, e o debate sobre seu impacto e validade continua em curso na esfera política e acadêmica.

*Com informações da Sputnik News.


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