O BRICS+, um grupo de 11 nações, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Argentina e Irã, representa uma resposta do Sul Global à hegemonia das potências ocidentais. Além de deterem 42% das reservas de petróleo, esses países também possuem controle significativo sobre a energia nuclear, com 68% da produção de urânio enriquecido, e recursos renováveis. A concentração de investimentos em energia limpa, em particular pela China, coloca o BRICS+ em uma posição privilegiada para impulsionar reformas globais.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Marco Fernandes, mestre em história e pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, destacou que o BRICS+ representa muito mais do que uma simples expansão do grupo. Ele argumentou que muitos países estão percebendo que as potências ocidentais não podem continuar controlando os fluxos de energia, os mercados e as finanças globais.
Fernandes também mencionou a visão de Zbigniew Brzezinski, um proeminente elaborador da política externa americana no século XX, que previu que uma grande coalizão entre China, Rússia e Irã seria o cenário mais perigoso para os Estados Unidos. Além da nova parceria no BRICS, esses países também estão unidos na Organização para Cooperação de Xangai (OCX), que aprofunda os laços políticos, econômicos e militares na Eurásia.
Contudo, desafiar a hegemonia dos Estados Unidos pode resultar em retaliações. O BRICS+ também controla uma parcela significativa das reservas de gás natural, manganês, minerais de terras raras, grafite e níquel, elementos cruciais para a indústria global.
Fernandes ressaltou que a questão energética, que vai além do petróleo, é fundamental. Além disso, a possibilidade de usar moedas alternativas ao dólar nas transações comerciais entre os países do grupo está sendo explorada. A desdolarização das transações pode abalar o domínio do dólar como moeda hegemônica global, principalmente no mercado energético.
O BRICS+ também está explorando a criação de sistemas de pagamento internacional que utilizam moedas locais, reduzindo a dependência do dólar. A mudança na liderança do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), que agora é presidido por Dilma Rousseff, gera expectativas de um aumento na capacidade da instituição de fomentar o desenvolvimento no Sul Global.
A produção de energia limpa também é um foco importante do BRICS+. Brasil e Argentina, como grandes produtores de lítio, um mineral fundamental para baterias de veículos elétricos, estão bem-posicionados no mercado de veículos elétricos. A China planeja produzir oito milhões de veículos elétricos até 2030 e deve utilizar o polo de Camaçari, na Bahia, para parte dessa produção.
Em resumo, o BRICS+ está se consolidando como um ator-chave na geopolítica energética e econômica global, desafiando a hegemonia ocidental e promovendo uma maior diversificação e independência na arena internacional.
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