CPI dos atos antidemocráticos encerra mais cedo e sob interferência militar

Deputado Arthur Oliveira Maia e a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama. (Foto: Marcos Oliveira /Agência Senado)
Deputado Arthur Oliveira Maia e a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama. (Foto: Marcos Oliveira /Agência Senado)

A CPI dos Atos Antidemocráticos, popularmente conhecida como CPI do 8 de Janeiro de 2023, chega ao seu fim antes do previsto e de forma discreta, em contraste com a atenção que a CPI da Covid recebeu no ano de 2021. A influência militar e um suposto acordo político contribuíram para o esvaziamento da comissão parlamentar de inquérito.

Os membros da CPI decidiram antecipar o término de suas atividades, encerrando os trabalhos um mês antes do prazo estipulado, com a CPI perdendo força devido à falta de apoio tanto da oposição quanto do governo. Essa conclusão contrasta com a CPI da Covid, que teve seu prazo estendido.

O presidente da CPI, Arthur Maia (União Brasil), anunciou que na próxima semana não haverá mais votações, deixando claro que não há planos para novas atividades até a leitura do relatório, marcada para o dia 17 deste mês.

Um dos depoimentos mais aguardados, o do ex-ministro da Defesa, Braga Netto, foi cancelado devido a um suposto “acordão”. Segundo informações da mídia, esse pacto foi negociado entre bolsonaristas e membros da oposição, com os primeiros desejando proteger o general Braga Netto, enquanto os últimos evitaram confrontos com os militares.

Além disso, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, pessoalmente interveio para esfriar os ânimos da CPI, argumentando que era necessário proteger a imagem das Forças Armadas. Esse esforço influenciou parlamentares a adotarem uma postura mais complacente em relação aos militares, apesar da necessidade de investigar o papel das Forças Armadas em possíveis tentativas de golpe.

O cenário político também revelou a estratégia do governo de culpar o ex-presidente Jair Bolsonaro, apelidado de “capitão”, enquanto isentava os generais de responsabilidade. No entanto, mesmo com Bolsonaro disponível para depor, o Palácio do Planalto não tomou medidas para convocá-lo.

Um senador próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que a estratégia era buscar um empate na CPI, já que a investigação mais significativa estaria a cargo da Polícia Federal. Nessa lógica, um impasse na CPI seria considerado um resultado favorável para o governo.

*Com informações da Agência Senado.


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