Israel lembra 50 anos da Guerra do Yom Kippur

Os principais oficiais das FDI olham para um mapa durante a Guerra do Yom Kippur em outubro de 1973. Cinco décadas após o conflito, Israel reflete sobre lições aprendidas e seu impacto duradouro.
Os principais oficiais das FDI olham para um mapa durante a Guerra do Yom Kippur em outubro de 1973. Cinco décadas após o conflito, Israel reflete sobre lições aprendidas e seu impacto duradouro.

Em 6 de outubro de 1973, às 14h, sirenes de alarme interromperam o silêncio do Dia do Perdão, ou Yom Kippur, o dia mais sagrado para o povo judeu, marcando o início da Guerra do Yom Kippur. Este conflito com o Egito e a Síria, embora tenha culminado em uma vitória significativa para Israel, deixou um legado de mais de 2.600 soldados mortos, centenas de prisioneiros e mais de 7.200 soldados e civis feridos. Hoje, 50 anos após a guerra, é um momento oportuno para refletir sobre as lições aprendidas com esse conflito e como ele permanece relevante nos tempos atuais.

“Aquela guerra tocou os medos mais profundos da existência judaica. Israel foi completamente surpreendido pelo conflito. A falha da inteligência em alertar sobre a intenção do Egito e da Síria de iniciar uma guerra é vista como o maior fracasso na história da comunidade de inteligência em Israel, que desde então influenciou e moldou todas suas análises estratégicas para impedir que uma surpresa como essa voltasse a acontecer”, lembra Revital Poleg, diplomata de carreira e colaboradora do Instituto Brasil-Israel (IBI).

“Na véspera da Guerra do Yom Kippur, Israel estava complacente, com a sensação de sucesso em termos de segurança, de liderança na concepção de sua capacidade e força militar, construída com o sucesso militar obtido alguns anos antes, com a expressiva vitória na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Essa falsa sensação de poder fez com que o país ignorasse informações de inteligência que alertavam sobre a perspectiva de guerra por parte de seus inimigos. Na verdade, simplesmente não acreditava que eles fossem capazes de iniciar o conflito. Mas, aconteceu e foi muito doloroso”, diz Revital.

A Guerra do Yom Kippur deixou marcas não apenas em termos de segurança, mas também em fatores sociais, econômicos e políticos. Grandes protestos eclodiram contra o governo devido ao grave erro da inteligência e ao alto custo em vidas humanas. A primeira-ministra, Golda Meir, renunciou e o Chefe do Estado-Maior foi demitido. Em 1977, quatro anos após o conflito, ocorreu uma reviravolta política com a chegada ao poder do Likud, liderado por Menachem Begin, após 30 anos de domínio da esquerda.

“Na época, o país também perdeu o rumo na condução econômica. Israel registrou uma grande queda no crescimento, a inflação se intensificou, chegando a 500% em 1984, com a dívida nacional de 260% e gastos nacionais de defesa de cerca de 35%, situação que perdurou por uma década e foi chamada de a década perdida, até que o país pudesse novamente entrar na rota da recuperação”, observa.

Mudanças militares significativas ocorreram após o grande fracasso que marcou a guerra. Israel aprimorou seu sistema de inteligência, tornando-se uma referência mundial. O quadro de reservistas militares também foi modificado, com um aumento no tempo de serviço anual e uma diversificação nas forças convocadas para a reserva, ampliando o conhecimento e a experiência disponíveis ao Estado.

Sob esse aspecto, Revital observa que “existe uma grande relevância no contexto atual, o que explica o efeito considerável do protesto dos reservistas contra a revolução jurídica sobre a capacidade militar do país”.

Além das implicações militares, a Guerra do Yom Kippur também revitalizou o espírito empreendedor e criativo de Israel em diversas áreas. “Essa resiliência se tornou parte integrante da cultura israelense, impulsionando a inovação e a criatividade que caracterizam o país até hoje”, destaca Revital.

Ao lembrar o 50º aniversário da Guerra de Yom Kippur, Revital enfatiza a importância da liderança, visão e coragem na tomada de decisões de longo prazo. “Nossa esperança é que a liderança atual analise cuidadosamente a realidade que Israel enfrenta. A Guerra de Yom Kippur nos ensina a importância de não apenas reagir, mas de assumir responsabilidades e liderar desafios de longo prazo. Devemos aprender com a história e evitar cair em uma complacência que pode levar a consequências devastadoras.”


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