Israa Ali, uma intérprete da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), conta como é a rotina de medo e incerteza que ela e seus filhos enfrentam na Faixa de Gaza, alvo de uma ofensiva militar israelense há mais de uma semana.
Israa Ali vive no norte de Gaza, uma das áreas mais atingidas pelos bombardeios israelenses que já mataram mais de 200 palestinos, incluindo 59 crianças, desde o dia 10 de maio de 2023. Ela trabalha como intérprete para a MSF, uma organização internacional que presta assistência médica e humanitária em situações de conflito, violência e desastre.
Ela teve que deixar sua casa por causa dos ataques e se abrigar com seus filhos em outro lugar. Em um depoimento enviado à BBC Brasil, ela compartilha sua experiência de viver sob o fogo cruzado e o impacto psicológico que isso tem sobre ela e seus filhos.
“Não tenho palavras para descrever um dia na vida das pessoas em Gaza neste momento. A manhã começa, mas nós já estamos acordados. Nós nos reviramos e tentamos dormir um pouco, mas o som dos bombardeios não permite.
Ficamos acordados, ouvindo as notícias no rádio. Nesta era moderna, deveríamos ter eletricidade e acesso à Internet, mas nossos telefones não funcionam.
Corremos para ver se há combustível para ligar o gerador e então percebemos que o gerador também não funciona. Vivemos numa Gaza sitiada.
A voz abafada do meu filho lentamente se transforma em um som compreensivo: ‘mãe, estou com fome, quero tomar café da manhã’.
Ao preparar o café da manhã com o mínimo de mantimentos, começo a me culpar por ter filhos e por colocá-los em um mundo com condições tão terríveis e guerras frequentes – especialmente esta guerra miserável.
Quando você tem filhos, você faz o possível para protegê-los e dar-lhes tudo. As inúmeras vezes que você ouve o som forte das bombas caindo te fazem pensar um pouco. É um momento em que você deve ser uma mãe forte e manter a calma pelos seus filhos. Mas a verdade é que você realmente precisa de alguém para te acalmar.
Tememos o anoitecer
Os drones, aviões de guerra, navios de guerra, foguetes pesados e bombas israelenses se espalharam como fogo. Depois de tentar acalmar a mim e aos meus filhos, que muitas vezes acordam chorando, penso em meu pai, na minha mãe e na minha família, que estão abrigados longe, mas nas mesmas circunstâncias.
“Você tenta pensar positivamente, que eles estão longe dos alvos dessas bombas, mas é em vão. Ficarei preocupada até ouvir suas vozes.”
Palestinos acusam Israel de violar seus direitos humanos
O conflito entre Israel e os grupos armados palestinos em Gaza se intensificou nos últimos dias, após semanas de tensão em Jerusalém Oriental, onde os palestinos protestavam contra ações policiais israelenses na Esplanada das Mesquitas e contra planos de despejo de famílias palestinas em favor de colonos judeus.
Israel diz que está respondendo aos foguetes lançados pelo Hamas e pela Jihad Islâmica contra seu território, enquanto os palestinos acusam Israel de violar seus direitos e praticar uma ocupação ilegal.
A comunidade internacional tem pedido o fim da violência e a retomada do diálogo entre as partes, mas até agora não houve sinais de uma trégua.
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