Regulação da inteligência artificial exige cuidado com dados pessoais, aponta debate do Senado

Audiência pública debate a importância da regulação da IA e a proteção de dados pessoais.
Audiência pública debate a importância da regulação da IA e a proteção de dados pessoais.

Em uma audiência pública realizada nesta quinta-feira (19/10/2023), na Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial no Brasil (CTIA), especialistas e parlamentares destacaram a necessidade de cautela na regulamentação do uso da Inteligência Artificial (IA) no país, particularmente no que diz respeito à proteção de dados pessoais. O Projeto de Lei 2.338/2023, de autoria do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, é derivado de um anteprojeto apresentado por uma comissão de juristas e está no centro das discussões. A audiência, requerida pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), relator da comissão, faz parte de um ciclo de debates essenciais para a elaboração de um texto legal sólido e abrangente.

Uma das principais preocupações em destaque é evitar qualquer conflito entre a regulamentação da IA e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) de 2018. A LGPD aborda o tratamento de dados pessoais em meios físicos e digitais por entidades públicas e privadas, envolvendo uma ampla gama de operações.

Lucas Borges de Carvalho, gerente de projetos da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), destacou que a relação entre proteção de dados pessoais e IA é intrínseca. O treinamento de algoritmos de IA muitas vezes requer o uso de dados pessoais, e isso se torna particularmente delicado em casos considerados de alto risco, como nas áreas de trabalho, migração, saúde e outros, onde a distinção entre dados pessoais e não pessoais é muitas vezes fluida.

O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), vice-presidente da comissão, enfatizou a importância de considerar as diversas perspectivas da regulamentação da IA e ouvir especialistas para criar uma lei que proteja as pessoas sem impedir o desenvolvimento econômico e tecnológico do país. Ele reforçou a necessidade de harmonizar o projeto com a legislação existente sobre proteção de dados pessoais.

A utilização da IA em setores como saúde foi discutida durante a audiência, com destaque para o tratamento de pacientes com diabetes, onde a IA pode desempenhar um papel crucial no monitoramento da doença e prevenção de complicações. O coordenador do departamento de saúde ocular da Sociedade Brasileira de Diabetes, Fernando Malerbi, apresentou exemplos de como a IA está sendo empregada nesse contexto.

Outro ponto debatido foi o desenvolvimento de uma estratégia para IA no Brasil, reconhecendo as especificidades do país em termos de língua e cultura. A possibilidade de proibir o uso da IA, como aconteceu em casos notórios, como o ChatGPT, também foi abordada. Marcelo Finger, do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de São Paulo (USP), salientou que a proibição não é a solução, e a regulamentação deve ser equilibrada.

André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), enfatizou a importância de aproveitar as oportunidades da IA e do mercado global, enquanto o presidente da Coordenação de Inteligência Artificial da Associação Brasileira de Governança Pública de Dados Pessoais, Gustavo Zaniboni, destacou a importância de melhorar a definição de IA e o escopo da regulamentação.

*Com informações da Agência Senado.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.