A entrada da Arábia Saudita no BRICS, a partir de 2024, representa um capítulo inesperado nas relações internacionais. Historicamente alinhada aos Estados Unidos, a decisão do país do Oriente Médio de integrar o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul surpreendeu o mundo. Especialistas apontam que esse movimento busca não apenas diversificar alianças, mas também explorar o uso de moedas alternativas ao dólar em transações financeiras.
Até pouco tempo atrás, a ideia de Arábia Saudita e Irã, antigos inimigos, integrarem o mesmo grupo era impensável. No entanto, a diplomacia chinesa desempenhou um papel crucial ao aproximar essas nações historicamente rivais. A vitória dessa diplomacia é evidenciada pelo fato de o presidente chinês, Xi Jiping, ter conseguido reconciliar o Irã e a Arábia Saudita durante seu terceiro mandato, abrindo caminho para a retomada das relações diplomáticas.
Para entender além dos bastidores diplomáticos, é crucial analisar o significado da entrada da Arábia Saudita no BRICS a partir de 2024. O professor Paulo Ferracioli destaca que isso reflete um novo posicionamento do grupo na criação de alternativas ao dólar em transações comerciais e financeiras, especialmente na área de energia. Essa mudança é um desdobramento natural de um desejo compartilhado entre os países do bloco de realizar operações em moedas distintas do dólar.
Historicamente, a Arábia Saudita mantém uma aliança estreita com os Estados Unidos desde 1945, garantindo segurança em troca de fornecimento de petróleo a preços vantajosos. No entanto, recentemente, o país do Oriente Médio começou a questionar essa dependência total do dólar, buscando outras parcerias e discutindo a eliminação da obrigatoriedade de vender exclusivamente em dólares. Esses objetivos convergentes com os do BRICS foram fundamentais para a concretização do acordo.
A mestre em direito público Arminda Ludmila Deveza Martins da Rocha, integrante da comissão internacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), destaca que a expansão do BRICS fortalecerá as relações com países árabes e africanos. A entrada da Arábia Saudita no grupo proporcionará vantagens potenciais, como a diversificação econômica e a colaboração em setores como tecnologia, manufatura e serviços, além do acesso a mercados emergentes.
Além disso, o BRICS pode se tornar um escudo econômico global, ajudando seus membros a enfrentar choques econômicos globais de maneira mais resiliente. Essa diversidade geográfica, econômica e ideológica, ampliada pela inclusão de países como a Arábia Saudita, oferecerá uma alternativa ao sistema global, fortalecendo os laços entre nações diversas.
O professor Ferracioli ressalta ainda que a Arábia Saudita está em vias de se tornar uma potência tecnológica, indo além de sua identidade como exportadora de petróleo. Esse desenvolvimento abre a possibilidade de apoios significativos dentro do BRICS, especialmente do Brasil, que já busca ampliar sua parceria com o país árabe.
Nesse cenário, a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Arábia Saudita ganha destaque, evidenciando a busca por parcerias estratégicas em diversos setores. O novo capítulo na relação da Arábia Saudita com o BRICS não apenas redefine alianças geopolíticas, mas também aponta para um futuro em que a colaboração entre nações diversificadas moldará o curso das relações internacionais.
*Com informações da Sputnik News.
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