Brasil planeja renovar vínculos com a África em 2024

Mudança estratégica na política externa visa revitalizar laços comerciais e diplomáticos entre Brasil e países africanos.
Mudança estratégica na política externa visa revitalizar laços comerciais e diplomáticos entre Brasil e países africanos.

Desde os anos dourados até meados da segunda década do século 21, Brasil e África compartilharam uma relação robusta, marcada por cooperação econômica e diplomática. No entanto, após atingir seu ápice em 2013, com um comércio bilateral de quase US$ 30 bilhões, as relações enfrentaram desafios nos anos seguintes. A crise financeira e política no Brasil, somada à ausência de um engajamento direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, contribuiu para um declínio nas cooperações.

Agora, o Brasil almeja ressuscitar essa parceria crucial. Celso Amorim, assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, anunciou que a política externa de 2024 terá a África como foco. A mudança estratégica busca reverter o declínio nas relações, impulsionando a cooperação econômica, cultural e diplomática.

O Brasil e a África, unidos pela história colonizadora, compartilham laços culturais profundos, que foram fortalecidos nos anos dourados. Empresas brasileiras, como a Odebrecht, expandiram-se pelo continente, participando de grandes projetos de infraestrutura, alimentação e saúde. Contudo, a crise brasileira pós-2015 e a ausência de interesse estratégico do governo Bolsonaro resultaram em uma queda significativa no comércio bilateral.

Acácio Almeida, especialista em África da UFABC, destaca que, enquanto em 2008 o Brasil era visto como uma ameaça à influência europeia no continente africano, as últimas décadas viram um enfraquecimento desse papel. A ascensão da China como uma potência global também moldou o cenário geopolítico.

Apesar dos desafios, a retomada das relações Brasil-África em 2024 oferece uma oportunidade única. Acácio Almeida sugere que o Brasil pode voltar à visão de “fazer do Atlântico um rio”, promovendo uma cooperação mais profunda. Hoje, a abordagem foca não apenas em um potencial mercado consumidor, mas em setores como desenvolvimento tecnológico, produção agrícola, saúde e formação profissional.

Braulio André, pesquisador da USP, destaca que o governo brasileiro busca parcerias além da construção e infraestrutura, explorando áreas estratégicas. Essa diversificação pode posicionar o Brasil como competidor frente a potências globais, como China e EUA, e abrir portas para mercados não apenas em países de língua portuguesa, mas em toda a África.

Conclusão e projeções

A mudança de foco na política externa reflete o desejo de revitalizar uma relação histórica e valiosa. A África não é vista apenas como um parceiro comercial, mas como um território de oportunidades para a inovação, o desenvolvimento sustentável e a colaboração. Enquanto o Brasil enfrenta a concorrência global, o continente africano emerge como um campo promissor para a expansão das relações bilaterais, revitalizando um laço que transcende o oceano Atlântico.

*Com informações da Sputnik News.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.