A Bahia, conhecida por suas ricas festas populares, inicia seu calendário festivo em grande estilo com a Festa de Santa Bárbara. Celebrada nesta segunda-feira (04/12/2023), a festividade marca não apenas o fervor religioso, mas também a tradição e a resistência do povo baiano ao longo de três séculos.
A celebração tem início às 8 horas, no Largo do Pelourinho, com uma missa campal dedicada à santa. Devotos vestidos de vermelho e branco, cores que simbolizam a festa, se reúnem para acompanhar o ato litúrgico. A pesquisadora e devota Carla Bahia destaca a singularidade da festa, que vai além das cores:
“Ela é vermelha, branca, rosa. Tem brilho, perfume de acarajé e dendê. Tem brilho nos olhos, afeto, gingado e um remelexo.”
Após a missa, uma emocionante procissão percorre as ruas do Centro Histórico, incluindo o Terreiro de Jesus e a Praça da Sé. O Corpo de Bombeiros, que tem Santa Bárbara como padroeira, presta homenagens à santa, culminando em uma pausa para o tradicional caruru, prato simbólico da festa. Este ano, o Corpo de Bombeiros distribuirá 1.500 quentinhas de caruru durante os festejos.
A história da Festa de Santa Bárbara remonta ao Século XVII, quando um casal de portugueses introduziu o culto à santa na região. A devoção à padroeira dos mercadores e protetora contra mortes trágicas ganhou destaque nas celebrações dos negros escravizados, evidenciando a fusão de tradições religiosas.
A festa, registrada como Patrimônio Imaterial da Bahia há 15 anos, é marcada pelo sincretismo religioso, onde Santa Bárbara e Iansã são homenageadas conjuntamente. O Afoxé Filhos de Korin Efan destaca-se, distribuindo caruru e acarajé de Iansã durante o evento.
Padre Lázaro Muniz, capelão que preside o ato litúrgico, ressalta a simplicidade e acolhida da festa, cujo tema este ano é:
“Santa Bárbara, filha da Virgem Maria, fazei germinar em nós a esperança de um mundo mais humano, fraterno e igualitário.”
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