A crise de segurança pública no Equador, marcada por um aumento alarmante da violência, reacende o debate sobre a eficácia da “guerra às drogas” promovida pelos Estados Unidos na América Latina desde os anos 60. O país, que há quatro anos era considerado um dos mais seguros da região, testemunhou mais de 7,5 mil homicídios em 2023, tornando-se o ano mais violento de sua história.
Analistas e estudiosos de segurança pública e América Latina destacam que a abordagem centrada na repressão, adotada há cerca de 50 anos pelos EUA, não apenas falhou em erradicar o narcotráfico, mas contribuiu para seu aprimoramento e deslocamento. O aumento da repressão, em vez de debilitar, fortalece grupos criminosos, levando à chamada “eficácia bexiga”, onde a pressão em uma área resulta no aumento em outra.
A pesquisadora Beatriz dos Santos Abreu aponta as falhas da política de guerra às drogas, enfatizando a falta de uma visão estrutural para resolver problemas sociais. A militarização dos EUA na região, evidenciada pela participação do Departamento de Defesa, é vista como um exemplo da legitimação de intervenções políticas e econômicas na América Latina.
A ênfase nas últimas duas décadas em países como Colômbia, México, América Central e Caribe gerou pressões intensas nas rotas tradicionais de tráfico, resultando no deslocamento das atividades econômicas para outras regiões. O aumento da desigualdade social e as crises econômicas contribuíram para a explosão do crime organizado.
Além disso, o superencarceramento, especialmente no Brasil e Equador, demonstra a incapacidade dos sistemas de justiça latino-americanos em lidar eficazmente com o crime organizado. A abordagem focada na prisão em massa, em vez de enfrentar líderes significativos, perpetua a violência nas comunidades marginalizadas.
Os especialistas destacam a necessidade de uma mudança radical na metodologia e ideologia das políticas de segurança pública. Alternativas incluem investimentos em educação, redução de desigualdades sociais e emprego para a população jovem. A cooperação internacional, medidas contra o consumo nos países do Norte e ação conjunta entre países latino-americanos são vistas como essenciais para enfrentar efetivamente o crime organizado.
*Com informações da Sputnik News.
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