Queda de 12% na participação dos salários no PIB do Brasil em 5 anos preocupa especialistas

A participação dos salários dos trabalhadores brasileiros no Produto Interno Bruto (PIB) do país sofreu uma redução significativa, caindo 12,9% ao longo de cinco anos e atingindo o seu pior resultado em 16 anos, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta tendência descendente foi observada desde 2016, quando atingiu o seu ápice, representando 35,5% do PIB, e em 2021, os salários caíram para 31% do PIB.

O presidente do IBGE, Márcio Pochmann, comentou que esse dado reflete uma reversão da tendência de crescimento da participação dos salários no PIB que havia sido observada entre 2004 e 2016. Ele ressaltou que essa mudança rápida e abrupta representa um retrocesso para o Brasil, colocando o país novamente entre aqueles com baixos salários e empregos precários.

Essa redução na participação dos salários no PIB é atribuída à recessão econômica iniciada em 2015 e à pandemia, sendo influenciada também pela reforma trabalhista. O aumento do desemprego no período levou à perda de poder de barganha dos trabalhadores para recuperar os salários frente à inflação, o que resultou em uma diminuição do custo real dos salários e, consequentemente, um aumento no excedente operacional bruto das empresas.

Pedro Paulo Zahuth Bastos, economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), enfatiza que esse indicador é crucial para medir a desigualdade social de um país. Ele ressalta que a redução do poder dos salários é prejudicial para a economia nacional, pois uma maior renda destinada aos trabalhadores impulsiona o mercado interno e incentiva o investimento empresarial em atividades que geram emprego. A redução dos salários no PIB, portanto, representa uma ameaça não apenas à equidade social, mas também ao crescimento econômico sustentável do país.

*Com informações da Agência Brasil.