Denúncia de ONG britânica expõe vínculo das marcas Zara e H&M com desmatamento no Cerrado brasileiro

Relatório revela envolvimento de grandes marcas de moda com desmatamento no Cerrado brasileiro.
Relatório revela envolvimento de grandes marcas de moda com desmatamento no Cerrado brasileiro.

Um relatório divulgado pela ONG britânica Earthsight nesta quinta-feira (11/04/2024) expõe o cultivo industrial de algodão no Cerrado brasileiro, usado principalmente na produção de jeans pelas marcas Zara, do grupo Inditex, e H&M. A investigação, intitulada “Crimes da moda: Gigantes europeus envolvidos no escândalo do algodão brasileiro”, revela o impacto devastador das plantações de algodão no bioma do Cerrado.

De acordo com a Earthsight, as plantações de algodão contribuem significativamente para o desmatamento do Cerrado, que desempenha um papel crucial na absorção de carbono e na luta contra as mudanças climáticas. O relatório aponta que o algodão brasileiro, cultivado em áreas onde ocorreu desmatamento ilegal, é exportado para a Ásia, onde marcas como Zara e H&M fabricam seus produtos.

Após um ano de investigações, que incluíram análise de dados, imagens de satélite e entrevistas com agricultores, a Earthsight identificou que dois grandes produtores brasileiros de algodão, o Grupo Horita e a SLC Agrícola, estão envolvidos no desmatamento ilegal. As plantações dessas empresas, localizadas no oeste da Bahia, têm impactado negativamente o meio ambiente e as comunidades locais.

Segundo o relatório, as plantações de algodão se expandiram em detrimento das populações locais, e a prática é marcada por corrupção e violência. Testemunhos relatam ameaças à mão armada e detenções arbitrárias, evidenciando o impacto negativo das atividades dessas empresas nas comunidades afetadas.

Além disso, a certificação Better Cotton (BC), que deveria garantir a produção sustentável de algodão, está sendo comprometida por conflitos de interesse e falta de independência na certificação dos produtores. A parceria entre a BC e a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) levanta questões sobre a imparcialidade do processo de certificação e fiscalização das plantações.

Questionada sobre as denúncias, a BC destacou a necessidade de apoio governamental para garantir uma implementação justa e eficaz do Estado de direito. A Inditex, proprietária da Zara, exigiu mais clareza sobre o processo de certificação do algodão brasileiro e aguarda os resultados de uma investigação interna da BC.

Essas revelações lançam luz sobre as práticas insustentáveis na indústria da moda e destacam a urgência de medidas para combater o desmatamento e proteger o meio ambiente e as comunidades afetadas.


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