94% dos municípios do Brasil já sofreram emergência ou calamidade, aponta levantamento

Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.
Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontou que 5.233 cidades brasileiras, representando 94% das unidades federativas municipais, foram afetadas por eventos que resultaram em decretos de situação de emergência ou estado de calamidade pública no período de 2013 a 2023. Os dados, apresentados nesta segunda-feira (20/05/2024) pelo presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, indicam um impacto significativo nas populações desses municípios, com 2.667 mortes registradas e prejuízos financeiros que totalizam R$ 639,4 bilhões.

A divulgação dos dados ocorre um dia antes da 25ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, evento em que gestores das cidades brasileiras se reúnem na capital para expor ao governo federal as demandas locais. Este ano, o encontro tem como tema “Pacto Federativo: um Olhar para a População Desprotegida”, com foco nos impactos dos extremos climáticos e a necessidade de adaptação das cidades.

De acordo com o estudo da CNM, as prefeituras brasileiras acumularam prejuízos de R$ 81 bilhões ao longo do período analisado, consequência direta dos eventos extremos. No entanto, conforme salientou Ziulkoski, o repasse de recursos federais para ações de resposta e recuperação tem sido insuficiente.

“O governo federal autorizou R$ 9,5 bilhões em anúncios ao longo desses anos, mas apenas R$ 3 bilhões foram efetivamente pagos”, destacou.

O levantamento também aponta que 2,6 milhões de moradias foram afetadas por desastres, das quais 115 mil foram totalmente destruídas, gerando um prejuízo de R$ 36,2 bilhões em habitações. Segundo Ziulkoski, as metas habitacionais dos governos não correspondem às necessidades reais dos municípios, especialmente aqueles com menos de 50 mil habitantes, que representam 83% das localidades com moradias afetadas.

“Estamos externalizando com transparência essa necessidade dos municípios brasileiros de se estruturarem com um mínimo de infraestrutura permanente”, reforçou o presidente da CNM.

Em resposta às críticas sobre a falta de recursos, a reportagem da Agência Brasil procurou o Ministério da Integração Nacional e aguarda retorno.

Além da questão dos desastres, os gestores municipais também pretendem discutir a necessidade de tornar permanente a decisão liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que desonera a folha municipal, reduzindo a alíquota do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) dos municípios para 8%. Ziulkoski afirma que a CNM busca apoio para a aprovação de um Projeto de Emenda Constitucional no Senado Federal, visando equiparar a alíquota à de outros setores, como micro e pequenas empresas, até que ela atinja 14% em 2027.

Segundo Ziulkoski, a aprovação da proposta significaria um alívio financeiro para os municípios, especialmente em relação aos precatórios e ao endividamento com a União.

“Os 2.180 municípios mais endividados no Brasil devem hoje R$ 1,1 trilhão”, concluiu o presidente da CNM.

*Com informações da Agência Brasil.


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