Proposta de revogação da isenção para compras internacionais até U$ 50 enfrenta debate no Congresso Nacional

André Felix Ricotta de Oliveira, professor doutor em Direito Tributário, sócio da Felix Ricotta Advocacia. Marcelo Costa Censoni Filho, sócio do Censoni Advogados Associados, especialista em Direito Tributário e CEO do Censoni Tecnologia Fiscal e Tributária.
André Felix Ricotta de Oliveira e Marcelo Costa Censoni Filho.

No âmbito do Congresso Nacional, uma discussão ganha destaque em meio às pautas legislativas. O deputado Átila Lira (PP-PI) propõe a revogação da isenção do Imposto de Importação para compras internacionais de até US$ 50. Tal medida implicaria na taxação desses produtos em 60% de Imposto de Importação, além do ICMS. Contudo, a proposição, inserida como um “jabuti” no Projeto de Lei (PL) 914/24, que trata do Programa Mobilidade Verde e Inovação (MOVER), suscita debates acerca de sua viabilidade legal e pertinência temática.

André Felix Ricotta de Oliveira, professor doutor em Direito Tributário e sócio da Felix Ricotta Advocacia, ressalta a dificuldade de pautar o referido projeto, dado o princípio de unicidade temática que rege a legislação. Segundo ele, a inclusão de temas diversos em um mesmo PL pode ser objeto de contestação jurídica, o que compromete a tramitação eficaz da proposta.

Se aprovado pela Câmara dos Deputados, o projeto seguirá para apreciação no Senado Federal. Caso não sofra alterações, será encaminhado para sanção do presidente. A revogação da isenção acarretaria mudanças significativas, conforme ressalta o tributarista Marcelo Costa Censoni Filho, especialista em Direito Tributário. Ele argumenta que, embora a política vigente beneficie os consumidores a curto prazo, sua manutenção compromete a justiça fiscal e a sustentabilidade do mercado interno no longo prazo.

A análise de Censoni Filho destaca a necessidade de revisão da política de isenção, visando equilibrar as condições de mercado e proteger os interesses dos comerciantes locais. Ele ressalta que a disparidade tributária entre produtos importados e nacionais gera distorções no sistema econômico, afetando a competitividade e a equidade entre os participantes do mercado.

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) evidenciam o crescimento das importações de pequeno valor nos últimos anos, impulsionadas pelo avanço do e-commerce e a presença de marketplaces globais no país. Diante desse cenário, entidades como a CNI e a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) questionam a constitucionalidade da isenção, alegando violação de princípios fundamentais como a isonomia e a livre concorrência.

A implementação do programa Remessa Conforme pela Receita Federal reforça a importância do debate sobre a política de isenção. Com mais de 30 milhões de encomendas processadas nos primeiros meses, o programa evidencia o impacto fiscal e a relevância da questão para a economia nacional. Diante desses argumentos, o destino da proposta de revogação da isenção para compras internacionais até US$ 50 permanece incerto, sujeito a intensos debates e análises jurídicas.


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