Em 2023, o território do Brasil apresentou uma redução na superfície de água, de acordo com levantamento divulgado nesta quarta-feira (26/06/2024) pela organização não-governamental MapBiomas. A organização, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, realiza estudos para monitorar mudanças na cobertura e no uso da terra.
A perda registrada em 2023 foi de 3% em comparação com 2022, o equivalente a 5.700 km², similar a cinco vezes a área da cidade de São Paulo. Desde 1985, início do período analisado pelo MapBiomas, a tendência observada é de declínio. Em 2023, a redução foi de 1,5% em relação à média histórica. Atualmente, a água cobre 183.000 km² do território brasileiro, correspondendo a 2% do total.
Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água, afirma que a tendência geral é de perda de água, explicada por fatores como mudanças nos padrões de precipitação, aumento de temperatura, verões mais quentes e longos, e alterações no uso do solo.
Os eventos climáticos extremos em 2023 tiveram impacto significativo. A Amazônia, por exemplo, começou o ano com superfície de água acima da média histórica e depois enfrentou uma seca severa. O rio Negro registrou o menor índice em 100 anos de monitoramento. No Pampa, os primeiros quatro meses de 2023 foram os mais secos da série histórica, seguidos por intensas chuvas em setembro que provocaram inundações.
O Pantanal foi o bioma mais afetado, com uma redução de 61% na superfície de água em relação à média histórica. Em 2023, a superfície anual registrada foi de 3.820 km². A vegetação nativa do Pantanal também diminuiu de 65% para 40% nas últimas quatro décadas, impactando nascentes e contribuindo para o avanço da fronteira agrícola. O aumento dos incêndios no Pantanal em 2023, com 700% mais focos de calor nas primeiras semanas de junho em comparação com 2020, é outro reflexo da crise hídrica.
Na Mata Atlântica, a superfície de água cresceu 3% acima da média histórica devido a altos níveis de precipitação, enquanto no Cerrado e na Caatinga, a disponibilidade superficial de água também aumentou, explicada pela criação de reservatórios e hidrelétricas. Entretanto, a superfície de corpos hídricos naturais encolheu 30,8% em 2023 em relação a 1985.
Os dados do MapBiomas Água são baseados em imagens do satélite Landsat 5, parte de um programa da Nasa. Desde 1985, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) capta imagens sistematizadas do território brasileiro.
Juliano Schirmbeck, morador de Roca Sales, no Rio Grande do Sul, precisou se refugiar em Belém, Pará, após enchentes recordes em sua cidade. A casa dos pais do pesquisador foi alagada e ele relata que a situação é um alerta para repensar a relação com o meio ambiente e a importância dos estudos científicos na tomada de decisão pelas autoridades.
*Com informações do DW.
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