As cidades-esponja, um modelo criado na China e adotado em países da Europa, já começam a ser implementadas no Brasil como solução para enfrentar a nova realidade climática, caracterizada por eventos extremos mais frequentes. O conceito nasceu em Jinhua, onde a renaturalização de rios e a criação de parques urbanos ajudaram a mitigar enchentes e reconectar a população com a natureza.
Em 2013, Jinhua reestruturou sua infraestrutura hídrica, transformando áreas alagadas em parques públicos e criando sistemas de armazenamento de água. O projeto, que integra uma política nacional com meta de 250 iniciativas semelhantes, mostrou-se eficaz ao evitar inundações e proporcionar espaços de lazer para 40 mil habitantes diários.
Especialistas brasileiros, como Suely Araújo do Observatório do Clima, ressaltam que as cidades-esponja inovam ao reter e infiltrar água, em vez de apenas escoá-la rapidamente. Este conceito é particularmente relevante no Brasil, onde a drenagem urbana é frequentemente negligenciada.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, recebeu uma missão técnica holandesa para discutir a aplicação de modelos de “esponjas” contra enchentes no estado. Esta iniciativa visa utilizar a expertise internacional para reconstruir áreas afetadas por cheias.
No Brasil, algumas regiões já implementam soluções inspiradas nas cidades-esponja. No Rio Grande do Sul, áreas conhecidas como banhados funcionam naturalmente como esponjas, absorvendo água da chuva e mantendo a biodiversidade. No entanto, muitos banhados foram drenados para a agricultura, reduzindo sua capacidade de mitigação de enchentes.
Rualdo Menegat, geólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que os banhados são essenciais para a regulação hídrica e o sequestro de carbono. Contudo, grande parte desses ecossistemas foi perdida devido à urbanização e agricultura intensiva. Exemplos de preservação incluem a Estação Ecológica do Taim, na fronteira com o Uruguai, que faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica da UNESCO.
Outro exemplo bem-sucedido é Curitiba, que desde a década de 1970 investe em parques que funcionam como esponjas, armazenando água da chuva. O Parque Barigui é um dos maiores exemplos, desempenhando papel crucial durante as fortes chuvas ao conter e drenar águas pluviais, evitando alagamentos em áreas residenciais.
A proteção das margens dos rios, consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP) pelo Código Florestal Brasileiro, é uma estratégia fundamental para reduzir enchentes. No entanto, recentes mudanças na legislação ambiental têm flexibilizado as proteções dessas áreas, o que preocupa especialistas como Suely Araújo.
Araújo defende a necessidade de adaptar as cidades brasileiras aos extremos climáticos de forma integrada, envolvendo todas as políticas públicas. A reativação de áreas naturais e a implementação de projetos de cidades-esponja são passos importantes para tornar as cidades mais resilientes e sustentáveis.
*Com informações da DW.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




