As ondas de calor com temperaturas excepcionalmente altas que atingiram o México em 2024 poderão ocorrer a cada 15 anos devido à mudança climática, conforme estudo dos cientistas da World Weather Attribution (WWA). Este grupo de climatologistas europeus destacou que as ondas de calor mortais se tornaram 35 vezes mais prováveis no México, na América Central e no sul dos Estados Unidos, de acordo com a pesquisa publicada na quinta-feira (20/06/2024).
A probabilidade de ocorrência de calor extremo que afetou essas regiões em maio e junho aumentou quatro vezes em comparação a 25 anos atrás, conforme os dados da WWA.
“As observações mostram que as temperaturas máximas de cinco dias entre maio e junho registradas este ano devem ocorrer aproximadamente a cada 15 anos no clima atual, que aqueceu 1,2°C”, afirmam os autores do relatório.
Em contraste, no ano 2000, quando as temperaturas globais eram meio grau mais baixas, esses eventos ocorriam apenas uma vez a cada 60 anos.
Desde março, o México registrou pelo menos 61 mortes diretamente relacionadas às altas temperaturas, e essa situação pode se agravar.
“Essas tendências continuarão com o aquecimento futuro, e eventos como os de 2024 serão comuns em um mundo com 2°C de aquecimento”, alertam os especialistas da WWA.
Eles observam que a verdadeira extensão das mortes relacionadas ao calor é frequentemente subestimada, pois muitas só são confirmadas e relatadas meses depois, se é que são.
O uso contínuo de combustíveis fósseis, que produzem gases do efeito estufa e impulsionam a mudança climática, deverá causar sofrimento a milhões de pessoas devido às ondas de calor, segundo os cientistas. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, com temperaturas escaldantes em grande parte do mundo antes mesmo do início do verão no hemisfério norte. Nos Estados Unidos, os incêndios florestais foram devastadores, e na Arábia Saudita, pelo menos 1.000 pessoas morreram durante a peregrinação do Hajj, principalmente devido ao calor extremo, com temperaturas em Meca alcançando 51,8ºC.
Para o estudo, os cientistas da WWA analisaram os cinco dias e noites consecutivos mais quentes entre maio e junho em uma área que inclui o sudoeste dos Estados Unidos, México, Guatemala, Belize, El Salvador e Honduras. Eles desenvolveram modelos de previsão baseados no fato de que o planeta está 1,2°C mais quente do que na era pré-industrial, concluindo que as temperaturas máximas na América do Norte e Central são agora 35 vezes mais prováveis do que naquela época.
“O calor adicional de 1,4°C causado pelas mudanças climáticas pode significar a diferença entre a vida e a morte para muitas pessoas entre maio e junho”, afirma Karina Izquierdo, consultora urbana para a América Latina e o Caribe no Centro de Mudanças Climáticas da Cruz Vermelha.
Izquierdo enfatiza a necessidade de redução das emissões e de iniciativas governamentais e urbanas para aumentar a resiliência ao calor.
De acordo com os especialistas, o calor é o fenômeno climático mais subestimado. Crianças, idosos e trabalhadores ao ar livre são particularmente vulneráveis. No México e na América Central, os impactos do calor são exacerbados pelas condições de moradia precárias e pelo acesso limitado a serviços de refrigeração.
O calor extremo também ameaça a estabilidade do fornecimento de eletricidade, essencial para o funcionamento das instalações de saúde. Os cientistas sugerem que sistemas de alerta e planos de ação contra o calor extremo podem fortalecer a preparação da América Central para esses eventos. Além disso, o aumento de espaços verdes e a melhoria da infraestrutura em assentamentos informais podem ajudar a proteger as populações mais vulneráveis.
*Com informações da RFI.
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