Um estudo desenvolvido pela pesquisadora Nina Weingrill, mestranda da Fundação Getulio Vargas (FGV) e integrante do International Center for Journalists (ICFJ), aponta que organizações estão utilizando o jornalismo como ferramenta para promover transformações sociais, desafiando conceitos tradicionais da mídia. A pesquisa, apresentada durante o Festival 3i no Rio de Janeiro, sugere que essas organizações adotam uma abordagem alinhada a uma teoria da mudança, distanciando-se de discursos tradicionais de imparcialidade.
Nina Weingrill explica que essas organizações veem o jornalismo como uma força motriz para alcançar resultados específicos, não como um fim em si mesmo. Elas buscam transformar suas comunidades por meio de reportagens que promovem mudanças sociais e políticas. A pesquisa baseia-se em entrevistas realizadas com 18 lideranças dessas organizações entre julho e setembro de 2023, cujos resultados preliminares indicam que o termo “impacto” apareceu 72 vezes, superando “jornalismo” e ficando atrás apenas de “comunidade”.
A pesquisadora optou por designar o trabalho dessas organizações como “mídia cívica”, um movimento em expansão na América Latina, já consolidado nos Estados Unidos. A mídia cívica é definida como formas de comunicação que fortalecem os laços sociais dentro de uma comunidade e promovem o engajamento cívico. Essas organizações oferecem programas de treinamento em mídia comunitária e incentivam a ação cívica local, promovendo o consumo de informações confiáveis.
Os critérios de atuação dessas organizações incluem a resolução de problemas comunitários, a deliberação democrática, o engajamento político e a garantia de equidade. Elas adotam práticas de mídia participativa, realizando encontros abertos e criando conselhos consultivos. Contudo, medir o impacto dessas iniciativas é um desafio, com muitos entrevistados expressando descontentamento com os métodos atuais. Organizações dos Estados Unidos com orçamentos superiores a US$ 3 milhões anuais dispõem de rastreadores de impacto, sugerindo uma demanda dos financiadores ou uma estratégia para atrair recursos.
Durante o Festival 3i, Juliano Domingues, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), apresentou um levantamento sobre a evolução das pesquisas em comunicação no Brasil. Entre 1987 e 2022, foram concluídos 17.315 mestrados e 5.641 doutorados. Os principais temas emergentes incluem tecnologias digitais, desinformação, comunicação em saúde pública e comunicação inclusiva. No jornalismo, destacam-se estudos sobre jornalismo de dados, sustentabilidade financeira, ética e engajamento público.
Carol Monteiro, diretora da Escola de Comunicação da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e presidente da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), destacou a necessidade de mais pesquisas sobre sustentabilidade e modelos de negócios no jornalismo digital. Ela também apontou a falta de estudos sobre segurança digital para jornalistas, impacto da inteligência artificial, diversidade e mudanças legais que afetam o jornalismo digital.
O estudo de Nina Weingrill revela que a mídia cívica está transformando o ecossistema de comunicação, promovendo engajamento cívico e mudanças sociais, desafiando conceitos tradicionais e criando novas formas de medir o impacto do jornalismo na sociedade.
*Com informações da Agência Brasil.
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