Na próxima quarta-feira (10/07/2024), a Diretoria Executiva da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) decidirá sobre novas medidas de contenção de despesas, incluindo a possível adoção de trabalho 100% remoto. Desde abril, a instituição está em regime parcialmente remoto, mas a situação financeira pode levar à implementação total dessa modalidade, caso não seja concretizado o acordo de reajuste de aluguel do Edifício Ranulfo Oliveira com a Prefeitura Municipal de Salvador.
A ABI tem enfrentado dificuldades financeiras devido ao congelamento do aluguel do edifício por oito anos. Em junho, após negociação direta com o prefeito de Salvador, Bruno Reis, foi acordada uma solução para o impasse, mas a implementação do acordo ainda não foi efetivada. Caso os procedimentos internos da Prefeitura não sejam concluídos a tempo, e o novo plano de contenção seja aprovado na reunião ordinária, os serviços prestados pela ABI serão oferecidos apenas remotamente, de segunda a sexta, das 8h às 17h, a partir de 15 de julho.
Desde dezembro de 2023, o Museu de Imprensa está fechado, e a sede da ABI na Praça da Sé permanece fechada em dois dias da semana. Apesar da significativa redução de despesas, a continuidade de projetos culturais foi comprometida, exceto pela Série Lunar, mantida com apoio empresarial. A adimplência da ABI é crucial para a obtenção de certidões negativas de débitos trabalhistas e tributários, necessárias para a captação de recursos.
A prioridade atual da ABI é a conservação dos acervos, ativos importantes da instituição, até que o equilíbrio econômico-financeiro seja restabelecido.
Histórico do Edifício Ranulfo Oliveira
O Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI, é um importante marco cultural e histórico de Salvador, abrigando a Biblioteca Jorge Calmon, a Sala de Exibição Roberto Pires, o Auditório Samuel Celestino e o Museu de Imprensa. Esses espaços são regularmente utilizados para eventos educativos e culturais. A ABI também mantém o museu-casa do jurista Ruy Barbosa e planeja a instalação da Casa da Palavra.
Construído entre as décadas de 1940 e 1950, o edifício foi projetado para garantir a sustentabilidade da ABI através da locação dos espaços não ocupados. A Assembleia Legislativa da Bahia foi a primeira inquilina, utilizando o edifício até 1960, quando se mudou para a nova sede no Centro Administrativo da Bahia.
Negociação com a Prefeitura de Salvador
A Prefeitura de Salvador, atual locatária, ocupa mais de dois terços do Edifício Ranulfo Oliveira. A ABI investiu significativamente em melhorias solicitadas pelo Gabinete do Prefeito, incluindo atualizações nas instalações elétrica e hidráulica, além de sistemas de prevenção e combate a incêndios e proteção contra descargas atmosféricas. Esses investimentos foram realizados na expectativa de atualização dos contratos de aluguel, congelados desde outubro de 2015.
Em reunião realizada em 5 de junho, com o prefeito Bruno Reis e a secretária de Comunicação Renata Vidal, foi acordada uma fórmula para resolver o impasse e cumprir o contrato de locação. A composição discutida visava corrigir os valores baseados no índice estabelecido no contrato, viabilizando também novos investimentos no Edifício Ranulfo Oliveira. No entanto, a efetivação do acordo ainda está pendente.
“O ABI compreende as dificuldades da gestão e espera, pacientemente, o encaminhamento do acordo negociado diretamente com o prefeito Bruno Reis. Por esta razão, e para manter-se adimplente com todas as obrigações trabalhistas e tributárias, iniciamos medidas de contenção de despesas desde o ano passado, mesmo antes do fechamento do Museu de Imprensa”, afirmou Ernesto Marques, presidente da ABI.
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