Apesar de avanço do Pix, dinheiro físico resiste em 30 anos de real

Consumidores da feira do Largo do Machado, no Rio de Janeiro, revelam preferência pelo dinheiro em espécie mesmo com avanço dos meios eletrônicos de pagamento.
Consumidores da feira do Largo do Machado, no Rio de Janeiro, revelam preferência pelo dinheiro em espécie mesmo com avanço dos meios eletrônicos de pagamento.

Na feira do Largo do Machado, na zona sul do Rio de Janeiro, o embate entre o dinheiro físico e os novos meios eletrônicos de pagamento ganha destaque. Renata Moreira, servidora pública de 47 anos, exemplifica a persistência do uso de cédulas e moedas:

“Tenho usado muito débito e Pix, mas às vezes é mais prático pagar em dinheiro vivo para evitar taxas extras”, relata.

Esse cenário reflete um dilema presente em diversas partes do Brasil, onde a conveniência e os custos das transações eletrônicas ainda não superam a preferência pelo tradicional.

De acordo com dados do Banco Central, mesmo após três décadas desde a criação do real, o papel-moeda continua a circular robustamente na economia brasileira. Recentemente, cerca de R$ 347,331 bilhões estavam em circulação, correspondendo a aproximadamente 3,13% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor, embora tenha registrado flutuações ao longo dos anos, mantém-se como uma parte significativa do sistema financeiro nacional.

A ascensão do Pix como um dos principais meios eletrônicos de pagamento não tem eliminado completamente o uso do dinheiro físico. Movimentando R$ 2,137 trilhões em maio, o Pix representa 19,26% do PIB, destacando-se pela sua rapidez e praticidade. No entanto, a comparação direta com os valores em papel-moeda é complexa devido às diferentes formas de mensuração: enquanto o Pix registra todas as transações eletrônicas, o dinheiro físico é calculado com base no estoque fora dos bancos.

A adoção do Pix trouxe benefícios significativos para a inclusão financeira no Brasil, especialmente entre os grupos de menor renda. O relatório mais recente do sistema revela que mais de 71,5 milhões de pessoas adotaram o Pix para suas transações, refletindo uma mudança gradual nos hábitos de pagamento. No entanto, a resistência ao digital ainda persiste entre os mais velhos, com apenas 55% dos brasileiros acima de 60 anos utilizando o serviço.

Para Marina de Souza, aposentada de 80 anos e frequentadora da feira do Largo do Machado, a confiança no dinheiro físico é uma questão de praticidade e segurança:

“Não pago com Pix. Não gosto. Na feira, só uso dinheiro porque é mais simples e evita erros nas contas”, explica.

Essa preferência reflete uma realidade social e econômica onde a familiaridade e a conveniência continuam a orientar as escolhas de pagamento.

A disponibilidade de novas modalidades como o Pix saque e Pix troco tem sido uma estratégia do Banco Central para integrar o uso de dinheiro físico com as vantagens do sistema digital. Essas medidas visam atender às necessidades de áreas rurais e de menor infraestrutura bancária, onde o acesso ao dinheiro vivo ainda é essencial. Virene Matesco, professora de economia da FGV, destaca que, apesar dos avanços tecnológicos, a diversidade econômica do Brasil requer abordagens flexíveis que respeitem as preferências locais e individuais.

*Com informações da Agência Brasil.


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