Com a chegada do verão, milhões de turistas afluem às cidades europeias, gerando tensões entre moradores locais e visitantes. Em grandes metrópoles como Barcelona e vilarejos menores como Cadix, assim como nas Ilhas Canárias, os habitantes têm se mobilizado em protestos para exigir medidas de restrição ao turismo de massa. Apesar do setor gerar cada vez mais riquezas para as economias locais, a insatisfação dos moradores é palpável.
Durante uma manifestação em Barcelona, os cartazes refletiam a animosidade: “Turistas, vão embora” e “É a nossa cidade, não o seu parque de diversões”. Nos finais de semana, as tradicionais ramblas ficam lotadas de pessoas e vendedores de lembranças, ilustrando o motivo de tanta frustração. A Espanha, sendo o segundo país mais visitado do mundo, atrás apenas da França, deve alcançar um novo recorde de receitas turísticas este ano, totalizando € 202 bilhões, conforme antecipado pelo organismo estatal Exceltur.
Eva Doya Le Besnerais, representante do governo regional da Catalunha na França, comentou à RFI que, embora 70% dos catalães apoiem os incentivos ao turismo, metade da população gostaria de mais regulação.
“O turismo é uma fonte significativa de riqueza para a Catalunha, representando cerca de 10% do PIB da região. Contudo, o impacto de 2 milhões de turistas mensais precisa ser considerado, e esse é o papel do poder público”, destacou.
Entre os impactos negativos do turismo de massa estão a sujeira, a poluição sonora, a saturação dos transportes e o uso excessivo da água pública. No entanto, o efeito mais prejudicial é no mercado imobiliário. Muitas moradias, antes utilizadas como residências permanentes, são agora destinadas exclusivamente ao turismo, criando uma escassez de habitações para os moradores locais e tensionando o mercado imobiliário. Na Catalunha, um decreto foi implementado para regular os aluguéis turísticos em 262 localidades, visando aliviar essa pressão.
Na capital catalã, os aluguéis subiram quase 70% em 10 anos, levando a prefeitura a adotar medidas drásticas, como a proibição da plataforma Airbnb a partir de 2028, para liberar 10 mil apartamentos para venda ou aluguel com contratos mais longos. Outras cidades europeias, como Paris, Londres e Berlim, impõem limites máximos de locação curta anual dos imóveis.
Amsterdã, outra cidade preocupada com a presença excessiva de turistas — que chegam a 20 milhões por ano —, implementou várias restrições. A cidade proibiu o uso de cannabis nas ruas, deslocou o porto de chegada dos cruzeiros para fora do centro e recentemente proibiu a construção de novos hotéis. Contudo, essas medidas foram criticadas por Remco Groenhuijzen, diretor do hotel Mövenpick, que argumenta que 55% dos visitantes de Amsterdã passam apenas o dia na cidade e não são afetados pelas novas regras.
Guido, operador de barcos turísticos pelos canais de Amsterdã, afirmou à RFI que tentar impedir as pessoas de visitarem a cidade é uma estratégia ineficaz e contraproducente. Ele criticou as medidas adotadas pela prefeita, alegando que a regulação excessiva pode ter o efeito contrário ao desejado.
*Com informações da RFI.
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