Nesta quarta-feira (10/07/2024), Israel solicitou a todos os moradores que abandonem a Cidade de Gaza, onde as tropas israelenses mantêm uma grande ofensiva contra o movimento islamista palestino Hamas após mais de nove meses de conflito. As negociações para um cessar-fogo e a libertação dos reféns devem ser retomadas no Catar, com a participação do diretor da CIA e do chefe dos serviços de inteligência de Israel, segundo fontes envolvidas nas conversações.
Nos últimos dias, o Exército israelense retomou as operações no norte da Faixa de Gaza, após declarar em janeiro que havia desmantelado o comando do Hamas nesta área.
“Os soldados efetuaram uma operação contra terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica que utilizavam a sede da UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina) na Cidade de Gaza como base para executar ataques”, afirmou o Exército.
A operação resultou na eliminação de combatentes e na apreensão de grandes quantidades de armas. A diretora de Comunicação da UNRWA, Juliette Touma, afirmou que é difícil saber se havia pessoas refugiadas nas instalações.
Desde 27 de junho, o Exército israelense iniciou uma operação terrestre no bairro de Shujaiyia, no leste da cidade, expandindo a ofensiva para o centro da localidade, onde “dezenas de milhares de pessoas” receberam instruções para abandonar a região, conforme informações da ONU. Em panfletos lançados nesta quarta-feira, o Exército pediu a “todas as pessoas presentes na Cidade de Gaza” que sigam para o sul utilizando “corredores de segurança”.
Sob uma tenda em Gaza, o casal Mohamed e Marwa, ambos enfermeiros, tratam os ferimentos de uma menina.
“Junto com meu marido, somos também deslocados”, conta Marwa. “Quando fomos obrigados a deixar nossas casas por causa dos bombardeios, decidimos ajudar outras pessoas. Somos enfermeiros, prestamos juramento de ajudar a todos e de nos mantermos fiéis a nossos compromissos”, acrescenta.
“Não tratamos ferimentos de guerra, apenas cuidamos dos problemas do cotidiano. E com muito poucos meios”, lamenta Mohamed. “Vivemos graças à ajuda de uns aos outros. Às vezes, distribuímos medicamentos, compressas. Vou ao hospital e consigo um pouco de material. As pessoas se viram também para conseguir medicamentos e, em seguida, me consultam para saber que dose tomar”, acrescenta.
Philippe Lazzarini, diretor da UNRWA, alertou que não há mais local seguro no território palestino, governado pelo Hamas desde 2007, onde 80% dos 2,4 milhões de habitantes foram deslocados. Oum Nimr Al Amal, que fugiu da Cidade de Gaza com a família, relatou:
“É a 12ª vez (que fugimos). Quantas vezes devemos suportar? Mil vezes? Onde vamos terminar? Não tenho mais energia, não consigo mais”.
O conflito teve início em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, conforme levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses. O Exército israelense calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 42 que estariam mortas. Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e iniciou uma ofensiva em Gaza que já matou 38.295 pessoas, em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.
Quatro palestinos morreram nesta quarta-feira em bombardeios israelenses em Nuseirat, no centro do território, e dois em Khan Yunis, no sul, conforme fontes médicas. Na terça-feira, pelo menos 29 pessoas, incluindo crianças, morreram em um ataque israelense contra uma escola em Abassan, perto de Khan Yunis, segundo uma fonte médica e o Hamas. O exército israelense afirmou que os bombardeios foram direcionados contra “terroristas”. Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas uma “organização terrorista”. As vítimas foram levadas ao hospital Nasser com a ajuda de parentes, a pé, em carros ou ambulâncias.
“Estávamos sentados perto da porta da escola quando, de repente, foguetes atingiram um grupo de pessoas. Estas pessoas não estavam armadas, não eram parte da resistência, todos eram civis”, disse Mohammed Sukkar.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha denunciou o bombardeio como “inaceitável” e afirmou que “os civis, em particular as crianças, não devem ficar presos entre o fogo cruzado”.
Israel e Hamas ainda discordam sobre a maneira de alcançar uma trégua. O movimento islamista flexibilizou suas exigências, mas acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de bloquear as negociações.
*Com informações da RFI.
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