Assassinatos de líderes do Hamas e Hezbollah elevam tensão no Oriente Médio

A morte de líderes de grupos radicais apoiados pelo Irã gera temores de uma escalada de violência na região.
A morte de líderes de grupos radicais apoiados pelo Irã gera temores de uma escalada de violência na região.

Os recentes assassinatos de líderes proeminentes dos grupos radicais Hamas e Hezbollah, ocorridos em diferentes locais no Oriente Médio, têm provocado um aumento significativo nas tensões regionais, despertando temores de uma nova escalada de violência. As mortes de Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, em Teerã, e de Fouad Shukur, comandante do Hezbollah, em Beirute, têm sido amplamente atribuídas a Israel, embora as autoridades israelenses ainda não tenham confirmado oficialmente a autoria dos ataques.

Na terça-feira (30/07/2024), as forças israelenses relataram a morte de Fouad Shukur, um dos principais comandantes do Hezbollah, em um ataque na capital libanesa, Beirute. Shukur era considerado um dos mais importantes estrategistas do grupo e tinha um histórico de envolvimento em ações que resultaram na morte de soldados americanos e franceses no Líbano em 1983, bem como no recente ataque nas Colinas de Golã, que matou 12 crianças israelenses.

Já na quarta-feira, 31 de julho, Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, foi morto em Teerã, capital do Irã. Haniyeh, que liderava a ala política do Hamas, era uma figura central nas negociações de cessar-fogo mediadas por países como Catar, Egito e Estados Unidos. Sua morte ocorreu após reiteradas ameaças de Israel, que o considerava um dos principais responsáveis pela ofensiva terrorista lançada pelo Hamas em 7 de outubro, que resultou na morte de 1.200 pessoas em Israel e desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza.

Apesar de Israel não ter reivindicado oficialmente a responsabilidade pela morte de Haniyeh, o governo iraniano foi rápido em acusar o Estado israelense pelo ataque, prometendo uma “resposta dura e dolorosa”. O assassinato de Haniyeh em solo iraniano, ocorrido pouco antes da cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, foi visto como uma humilhação para o regime iraniano e um desafio direto ao seu poder e capacidade de proteger seus aliados.

A morte desses dois líderes é vista por especialistas como um duro golpe nas tentativas de negociações de cessar-fogo e na libertação dos reféns remanescentes em poder do Hamas. Kelly Petillo, pesquisadora do Oriente Médio no Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), destacou que as mortes podem levar a um aumento da popularidade tanto do Hamas quanto do Hezbollah, grupos que possuem forte apoio militar e financeiro do Irã.

Petillo explicou que a eliminação de Haniyeh pode enfraquecer a ala política do Hamas, que era vista como a força mais moderada dentro do movimento, e dar maior poder à ala militar liderada por Yahya Sinwar, considerada mais radical. “A morte de Haniyeh compromete seriamente as perspectivas de qualquer negociação futura”, afirmou a pesquisadora.

No Líbano, a morte de Fouad Shukur coloca o Hezbollah sob pressão para retaliar, segundo Petillo. O grupo, que até então havia limitado seus ataques a Israel na esperança de um cessar-fogo, agora enfrenta uma situação onde uma escalada de violência parece inevitável. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, prometeu uma resposta contundente, aumentando os temores de um confronto militar mais amplo na região.

Israel confirma ataque direcionado em Beirute

Nesta terça-feira (30/07/2024), uma explosão em um subúrbio ao sul de Beirute, capital do Líbano, foi confirmada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) como resultado de um “ataque direcionado”. O alvo da operação era um comandante do Hezbollah, identificado como Muhsin Shukr ou Fuad Shukr, apontado por Israel como responsável por um ataque com míssil que, no último final de semana, provocou a morte de 12 crianças e adolescentes israelenses nas Colinas de Golã.

O Hezbollah, grupo xiita que exerce considerável influência no Líbano e que é apoiado pelo Irã, confirmou horas após o bombardeio que Shukr, veterano com longo histórico de envolvimento em atividades militares, morreu na ação. O ataque ocorreu em meio a um cenário de crescente tensão, em que os Estados Unidos tentavam persuadir Israel a evitar uma escalada militar em território libanês, temendo o início de um conflito mais amplo.

De acordo com informações do Ministério da Saúde do Líbano, a explosão resultou na morte de três civis, entre eles duas crianças, e deixou 74 feridos. Imagens divulgadas pela imprensa local mostram edifícios danificados no subúrbio atingido, um conhecido reduto do Hezbollah.

A operação israelense ocorre poucos dias após o ataque nas Colinas de Golã, uma região montanhosa de fronteira, controlada por Israel desde 1967. A ação, que resultou na morte de 12 crianças, é considerada um dos ataques mais letais contra civis israelenses desde a ofensiva do grupo palestino Hamas em outubro de 2023, que desencadeou a atual crise na Faixa de Gaza.

Em resposta ao ataque nas Colinas de Golã, Israel havia iniciado, no domingo, uma série de bombardeios retaliatórios em sete regiões do interior e do sul do Líbano, atingindo áreas conhecidas por abrigar atividades do Hezbollah. Essas ações foram vistas como uma intensificação da postura militar israelense em relação ao grupo xiita.

O governo de Israel, em comunicado oficial, destacou que o Hezbollah ultrapassou “todas as linhas vermelhas” e advertiu sobre a possibilidade de um conflito mais amplo. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou que o país está se aproximando de uma “guerra total”, em um discurso transmitido pelo Canal 12 de Israel.

O Irã, principal aliado do Hezbollah, reagiu rapidamente à operação israelense, alertando Israel para não seguir com “novas aventuras” no Líbano. Um porta-voz do governo iraniano afirmou que qualquer ação adicional de Israel poderia resultar em “maior instabilidade, insegurança e guerra na região”, responsabilizando o Estado israelense por eventuais consequências imprevistas.

*Com informações da DW.


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