“Bets” dominam redes sociais com apoio de influenciadores

Influenciadores continuam promovendo jogos de azar nas redes sociais, alimentando preocupações sobre os riscos associados ao vício em jogos.
Influenciadores continuam promovendo jogos de azar nas redes sociais, alimentando preocupações sobre os riscos associados ao vício em jogos.

Em agosto de 2024, o governo brasileiro anunciou novas medidas para restringir a publicidade de apostas esportivas, com uma proibição específica para anúncios realizados por influenciadores. A implementação efetiva das restrições está prevista para começar apenas em 2025. Enquanto isso, as redes sociais continuam a exibir um elevado número de perfis promovendo jogos de azar e oferecendo promessas de ganhos fáceis, muitas vezes com o apoio de influenciadores.

A nova portaria do governo busca limitar a publicidade de apostas que sugira benefícios sociais ou financeiros desproporcionais, proibindo também alegações de que o sucesso nas apostas depende de habilidades específicas ou métodos infalíveis. No entanto, especialistas consideram que as normas apresentadas são genéricas e podem enfrentar dificuldades de aplicação, principalmente devido à falta de uma regulamentação mais detalhada e de capacidade fiscalizatória.

Carlos Portugal Gouvêa, professor de Direito Comercial da Universidade de São Paulo, critica a aplicação tardia das medidas, argumentando que a falta de regulamentação até o início de 2025 demonstra uma falha no gerenciamento da questão. Em contraste, o governo alegou que as novas regras visam prevenir práticas publicitárias prejudiciais, especialmente para menores de idade e indivíduos vulneráveis.

O Instituto Alana e outras entidades já relataram casos preocupantes envolvendo crianças promovendo apostas e perfis de influenciadores que utilizam táticas enganosas, como promessas de informações privilegiadas sobre jogos manipulados. Recentemente, operações policiais em Minas Gerais levaram à investigação de influenciadores por promoverem esquemas de caça-níqueis online, com alguns casos envolvendo movimentações financeiras de grandes valores.

Heather Wardle, professora da Universidade de Glasgow e especialista em apostas esportivas, ressalta que a publicidade enganosa pode exacerbar problemas relacionados ao vício em jogos e agravar danos para pessoas já afetadas. Além disso, alerta sobre a moralidade e ética questionáveis das promoções que não fornecem informações reais sobre os riscos e benefícios das apostas.

Internacionalmente, países como Itália, França e Espanha adotaram legislações mais restritivas em relação à publicidade de apostas e influenciadores. A Itália, por exemplo, impôs uma proibição completa da publicidade de apostas esportivas, enquanto a França e a Espanha implementaram regulamentos que proíbem a publicidade voltada para audiências infantis. No Reino Unido, a Premier League anunciou a intenção de banir patrocínios de apostas em camisas de clubes a partir de 2026, refletindo uma tendência crescente de restrições ao marketing de jogos de azar.

*Com informações da DW.


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