Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Pedro Allemand Mancebo Silva, pesquisador e doutorando em relações internacionais na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), alertou sobre os potenciais riscos da competição por recursos no Ártico. Silva descreveu a disputa como “irresponsável”, observando que o derretimento do gelo marítimo não só contribui para a elevação do nível do mar, mas também libera gases do efeito estufa armazenados no gelo, exacerbando as mudanças climáticas.
O Ártico, ao contrário da Antártica, é composto por calotas de gelo flutuantes em águas salinas, e sua plataforma continental está em disputa devido aos recursos naturais que se encontram sob a camada de gelo. Em 2008, um relatório do Serviço Geológico dos Estados Unidos revelou que a região abriga 13% das reservas inexploradas de petróleo e 30% das reservas de gás natural do planeta, o que acentuou o interesse estratégico pela área.
Silva destacou que, desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Ártico tornou-se um ponto de tensão entre as potências globais, inicialmente a União Soviética e os EUA, e atualmente, entre a OTAN e a Rússia. O Conselho do Ártico, fundado em 1996 e composto por oito Estados-membros permanentes, reflete essa polarização, com a Rússia de um lado e a maioria dos outros membros pertencentes à OTAN.
O especialista também mencionou a crescente importância econômica do Ártico devido à descoberta de minerais raros essenciais para a transição energética. Esses minerais são críticos para a produção de tecnologias sustentáveis, como células fotovoltaicas e sistemas digitais. A exploração dessas reservas, no entanto, aumenta as emissões e acelera o aquecimento global, já que o Ártico aquece de duas a quatro vezes mais rápido que o restante do planeta.
Silva apontou que, se a exploração do Ártico continuar da forma como está sendo conduzida, pode levar à inviabilização da vida na Terra. Ele comparou a corrida pelos recursos ao comportamento de uma “corrida desenfreada”, onde o prêmio final pode ser a destruição irreversível da região.
Sobre a participação da Petrobras, Silva afirmou que, apesar de a empresa ter experiência em exploração de petróleo em águas profundas, as parcerias internacionais foram interrompidas após o conflito ucraniano. No entanto, a Petrobras ainda pode ter oportunidades futuras na região, dependendo de como se posicionar no mercado global.
Além disso, Silva destacou que o aumento da navegação no Ártico, facilitado pelo aquecimento global e pela redução da espessura do gelo, contribui para o degelo e o agravamento das mudanças climáticas, dado que o gelo derretido libera gases de efeito estufa anteriormente aprisionados.
*Com informações da Sputnik News.
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