A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) sediou a 76ª sessão do Comitê de Problemas de Produtos Essenciais (CCP) entre os dias 11 e 13 de setembro de 2024, ocasião em que a delegação do Brasil, liderada pela representante permanente Carla Barroso Carneiro, apresentou uma proposta para a criação de um Dia Internacional do Café. Esta proposta, originada a partir de uma moção avançada pelo Governo brasileiro, foi um dos pontos centrais da agenda do encontro.
Carla Barroso Carneiro explicou que a petição formal para a celebração do café e seus efeitos colaterais, incluindo a indústria associada, fundamentou-se em dois vetores contextuais. Primeiramente, a embaixadora destacou o impacto sociocultural e econômico proporcionado pela adoção de dias internacionais no sistema da ONU. Em segundo lugar, enfatizou o papel histórico do café como um facilitador do progresso para países em desenvolvimento. Ela ressaltou que a designação de um Dia Internacional atrai atenção e visibilidade para o produto, criando oportunidades para reflexão, acesso a mercados e aumento da renda dos produtores. Segundo a diplomata, o café representa um exemplo de como países em desenvolvimento podem integrar-se ao comércio internacional, resultante de uma migração bem-sucedida de conhecimento e práticas de produção.
A embaixadora também atua como representante do Brasil junto a organismos internacionais, incluindo o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola e o Programa Mundial de Alimentação. Após as reuniões do CCP, Carla Barroso Carneiro confirmou, por meio de uma rede social, que a proposta para a observância anual do Dia Internacional do Café, a ser celebrado em 1º de outubro, foi aprovada pelo comitê e seguirá para revisão pelo Conselho da FAO, com a expectativa de ser apresentada na Assembleia Geral da ONU em 2026.
A diplomata ressaltou o amplo apoio recebido por diferentes países durante a apresentação da proposta. O Brasil, ao propor a criação do dia, contou com o respaldo dos países da América Latina e Caribe, assim como da Índia, que manifestou interesse em copatrocinar a proposta. Além disso, o apoio de países africanos foi considerado essencial, visto que o continente é o berço das variedades de café atualmente cultivadas.
Outro argumento forte na proposta reside no impacto positivo do setor cafeeiro em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. O documento salienta a contribuição do café para a redução da pobreza extrema, eliminação da fome, empoderamento das mulheres e ação climática, especialmente em países em desenvolvimento e menos desenvolvidos. Estima-se que o valor global da produção de café exceda 20 bilhões de dólares por ano, sustentando aproximadamente 25 milhões de famílias agrícolas. No entanto, o comércio mundial de frutos do cafeeiro e produtos derivados atinge cerca de 30 bilhões de dólares, enquanto a receita da indústria do café supera 200 bilhões de dólares.
Carla Barroso Carneiro observou que a produção de café, predominantemente realizada em pequenas propriedades, é um reflexo do perfil dos produtores em países em desenvolvimento. No Brasil, das 300 mil famílias envolvidas na produção, 78% são pequenos produtores. A embaixadora argumentou que o café, como produto dos países em desenvolvimento, tem o potencial de melhorar as condições de vida das populações rurais e contribuir para a diminuição da pobreza. Ela ressaltou a importância de apoiar as mulheres na produção, considerando que elas representam a maior parte da força de trabalho no campo, e que seu empoderamento pode contribuir para a redução da desigualdade de gênero.
Além da proposta do Dia Internacional do Café, o CCP discutiu outros assuntos relevantes, como a inter-relação entre comércio e nutrição, que será abordada no principal relatório da FAO sobre o estado do mercado de produtos agrícolas em 2024. O comitê também tratou de negociações com a Organização Mundial do Comércio e acordos de comércio regional, além do programa de trabalho para os mercados de produtos essenciais sob o planejamento estratégico da FAO para o período de 2022 a 2031.
A embaixadora Carla Barroso Carneiro enfatizou que as dinâmicas comerciais são fatores significativos que afetam a segurança alimentar. Ela observou que, embora a produção global seja suficiente para alimentar a população, a forma como o comércio é conduzido influencia os preços e a inflação, impactando diretamente aqueles em situação de insegurança alimentar. O comitê da FAO, segundo ela, busca contribuir para mitigar esses efeitos por meio de uma abordagem abrangente e integrada.
*Com informações da ONU News.
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