Brasil conquista três prêmios no Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz

Na noite desta sexta-feira (27/09/2024), durante a cerimônia de encerramento do Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz, na França, o Brasil foi premiado em três categorias. O longa-metragem “Baby”, dirigido por Marcelo Caetano, recebeu o Abraço de melhor filme. O filme “Senhoritas”, de Mykaela Plotkin, foi reconhecido com o prêmio dos moradores de Biarritz. O curta-metragem “Utopia Muda”, de Júlio Matos, recebeu uma menção honrosa. O festival, realizado na cidade de Biarritz, premiou novas produções cinematográficas nas categorias de longa-metragem, curta-metragem e documentário, destacando o papel crescente do Brasil na cena cinematográfica latino-americana.

“Baby” narra a história de Wellington, um jovem que, após ser libertado de um centro de internação juvenil, se vê sozinho nas ruas de São Paulo. Sem notícias dos pais e sem recursos, ele encontra Ronaldo, um homem mais velho com quem desenvolve uma relação complexa. O filme, uma coprodução entre Brasil e França, foi rodado principalmente em locações no centro de São Paulo e foi descrito pelos organizadores do Festival de Cannes, onde também foi exibido, como um “melodrama queer” e uma “história de amor impossível”. A estética do filme é marcada por cenas noturnas, onde a câmera se aproxima dos atores em ambientes fechados, contrastando com planos mais distantes nas cenas externas, com o intuito de documentar a vida urbana da metrópole.

O curta-metragem “Utopia Muda” aborda a luta pela democratização da mídia no Brasil, destacando a história da rádio Muda, uma emissora independente que enfrenta desafios por defender a liberdade de expressão. O filme reflete questões sociais contemporâneas e representa uma voz importante no contexto da mídia brasileira.

Além dos prêmios recebidos, o Brasil teve uma participação significativa nesta edição do festival, com a apresentação de dez filmes, sendo seis deles concorrentes nas diversas categorias. O longa-metragem “Senhoritas” também se destacou na mostra competitiva, recebendo o prêmio decidido pelos moradores de Biarritz. A obra marca a estreia de Mykaela Plotkin na ficção e narra a vida de Lívia, uma arquiteta aposentada que, ao receber a visita de uma amiga de juventude, começa uma jornada de autodescoberta e de redescoberta de sua vitalidade. O filme aborda a velhice de uma forma inovadora, desafiando tabus e trazendo à tona questões relacionadas à sexualidade entre adultos mais velhos.

Na narrativa, Lívia é apresentada como uma mulher que se vê confrontada com desejos adormecidos e uma nova perspectiva sobre a vida. Em entrevistas, Plotkin expressou que seu objetivo foi mostrar a velhice não como um momento de desaceleração, mas como uma fase de renovação e vitalidade. Tânia Alves, que interpreta Luci, a amiga que provoca a transformação na vida de Lívia, comentou sobre a importância de retratar a sexualidade na maturidade como um aspecto essencial para a qualidade de vida.

O Festival Latino-Americano de Biarritz, que se consolidou como uma referência do cinema latino-americano na França, recebeu mais de 30 mil espectadores durante sua 33ª edição, que se estendeu por sete dias. Na edição anterior, em 2023, outro filme brasileiro, “Levante”, dirigido por Lilla Halla, também foi premiado com o Abraço de melhor longa-metragem de ficção.

*Com informações da RFI.