A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de interromper o ciclo de cortes da taxa Selic e elevar os juros básicos da economia para 10,75% ao ano gerou críticas substanciais de políticos e representantes do setor produtivo. Na visão de diversos críticos, o aumento da taxa pode comprometer a recuperação econômica, especialmente em um contexto global onde os Estados Unidos estão promovendo cortes nas taxas de juros.
A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann, expressou sua insatisfação nas redes sociais, qualificando a decisão do Copom como injustificada. Hoffmann destacou que a elevação dos juros ocorre justamente no momento em que os Estados Unidos estão reduzindo suas taxas, o que, segundo ela, não apenas prejudica a economia brasileira, mas também resulta em um custo adicional de R$ 15 bilhões para a dívida pública, recursos que poderiam ser direcionados para áreas como educação, saúde e meio ambiente.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também manifestou oposição à decisão, considerando-a excessiva para o controle da inflação. A entidade argumenta que a medida impõe restrições adicionais à atividade econômica, com possíveis reflexos negativos sobre emprego e renda, enquanto as economias desenvolvidas estão em processo de redução das taxas de juros. Ricardo Alban, presidente da CNI, afirmou que o aumento da Selic representa um excesso de conservadorismo da autoridade monetária, colocando o Brasil em desacordo com a tendência global de redução das taxas.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considerou a decisão precipitada, afirmando que, embora a atual conjuntura econômica exija atenção, o risco inflacionário não é claro. A entidade ressaltou que a alta taxa de juros prejudica setores estratégicos e compromete a taxa de investimento do país. A Firjan observou que, apesar de uma leve recuperação, a indústria brasileira ainda opera 15% abaixo do seu pico histórico de maio de 2011.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) também criticou a elevação da taxa Selic, embora tenha afirmado que a decisão não foi surpreendente. O economista-chefe da Apas, Felipe Queiroz, alertou sobre os desafios adicionais ao crescimento econômico impostos pelos juros altos, ressaltando que uma taxa de juros elevada dificulta o fomento ao investimento necessário para um crescimento econômico sólido e consistente no médio e longo prazo.
As centrais sindicais, por sua vez, expressaram forte descontentamento com a decisão. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) acusou o Banco Central de adotar uma política monetária que boicota o desenvolvimento econômico e prejudica tanto o governo quanto a população. A CUT mencionou um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que estima que um aumento de 0,25 ponto na Selic adicionará R$ 13 bilhões aos gastos da União com juros de títulos públicos, destacando o impacto financeiro significativo de cada aumento adicional na taxa.
A Força Sindical, liderada por Miguel Torres, classificou a decisão como um “prêmio aos especuladores” e argumentou que a estratégia gradual de aumento da taxa de juros penaliza principalmente os menos favorecidos economicamente. Torres destacou que a elevação dos juros pode desestimular investimentos e consumo, afetando negativamente a produção e o bem-estar das famílias brasileiras. Ele defendeu que uma economia forte e com juros baixos é crucial para o desenvolvimento do país.
Ministro Fernando Haddad considera atrasado corte de juros nos EUA
Nesta terça-feira (18/09/2024), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou sobre o recente corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros nos Estados Unidos, realizado pelo Federal Reserve (Fed). Segundo Haddad, a medida, embora tida como um passo positivo, chegou com certo atraso. O ministro afirmou que a decisão do Fed deverá iniciar um ciclo de reduções de juros que proporcionará benefícios para a economia global.
Haddad explicou que o corte de juros nos Estados Unidos, esperado para junho, foi adiado devido a uma turbulência inicial no ano, que afetou os mercados financeiros e causou uma elevação temporária do dólar. No entanto, o ministro acredita que o Fed entrará em uma trajetória de cortes sustentados, o que contribuirá para maior previsibilidade e estabilidade na economia global. Haddad expressou a expectativa de que não haja surpresas significativas em 2025 e 2026, o que, segundo ele, proporcionará alívio econômico tanto para o Brasil quanto para o restante do mundo. A previsibilidade esperada permitirá que o Brasil aproveite os ventos favoráveis e mantenha o foco na gestão econômica interna.
Em relação à decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano, Haddad optou por não comentar detalhadamente. O ministro afirmou que o aumento de 0,25 ponto percentual não foi surpreendente, mas indicou que suas observações e análises mais detalhadas ocorrerão após a leitura da ata da reunião do Copom, prevista para a próxima semana. Haddad mencionou que, anteriormente, havia criticado o atraso nas decisões do Banco Central quanto à redução dos juros e que havia comemorado o início do ciclo de cortes em agosto do ano passado.
*Com informações da Agência Brasil.
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