Debatedores defendem incentivos e apoio técnico à cajucultura no Brasil

Audiência pública na Comissão de Agricultura discute a necessidade de políticas públicas para fortalecer a produção de caju, especialmente no Nordeste.
Audiência pública na Comissão de Agricultura discute a necessidade de políticas públicas para fortalecer a produção de caju, especialmente no Nordeste.

Na audiência pública da Comissão de Agricultura (CRA), realizada nesta segunda-feira (02/09/2024), o setor de cajucultura foi o foco das discussões, com participantes defendendo a necessidade de mais crédito e apoio técnico para os produtores. O senador Eduardo Girão (Novo-CE), que solicitou a audiência, destacou a importância de incentivos à cajucultura, enfatizando seu papel significativo na economia e na sociedade, especialmente no Nordeste, que concentra a maior parte da produção nacional de caju.

Girão expressou preocupação com a perda de espaço do Brasil no cenário internacional, ressaltando que, historicamente, o país foi um dos maiores produtores globais de caju. Ele observou que a área plantada no Brasil tem diminuído ao longo dos anos, e a produtividade média é inferior em comparação a outros países líderes, como Vietnã, Índia e Costa do Marfim. Segundo o senador, a modernização do setor, com a introdução de tecnologias avançadas e práticas agrícolas sustentáveis, é fundamental para reverter essa tendência.

Adriana Melo Alves, secretária nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial, vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, afirmou que a cajucultura é crucial para a alavancagem da produção nacional e deve ser incentivada. Ela destacou a necessidade de valorizar produtos regionais com potencial de competitividade e a importância da estruturação de cadeias produtivas relevantes para o desenvolvimento regional. Alves também mencionou o papel do ministério na coordenação de políticas públicas que evitem a queda na produtividade.

Amilcar Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), destacou a liderança do estado na produção de caju, que responde por 58% da produção nacional e 90% das exportações da fruta. Ele ressaltou a necessidade de fortalecer as políticas públicas para garantir a produtividade no Ceará, mencionando que, no passado, o estado chegou a ter 24 indústrias de caju, mas atualmente restam apenas quatro. Silveira alertou para a precariedade da infraestrutura hídrica no estado, que impacta diretamente a produção, especialmente em regiões onde a água é escassa.

O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) também participou da discussão, defendendo a criação de mecanismos que auxiliem o pequeno produtor rural. Bagattoli sugeriu que o cooperativismo pode ser uma solução para os pequenos produtores, permitindo que eles atuem de forma competitiva ao acessar tecnologia e outros recursos que seriam inacessíveis de forma individual.

Luiz Sérgio Farias Machado, superintendente de Agronegócio e Microfinança Rural do Banco do Nordeste, reforçou a importância de incentivos e apoio técnico à agricultura familiar. Machado destacou que a modernização do agronegócio e da agricultura familiar é essencial, mas alertou que o crédito, se não for bem concedido, pode complicar a situação do produtor. Ele enfatizou a necessidade de políticas públicas que facilitem a adoção de tecnologias e práticas modernas, observando que a solução para os desafios da cajucultura não depende de uma única entidade, mas de uma colaboração entre diversas partes interessadas.

Senado homenageia Jaime Tomaz de Aquino, pioneiro da cajucultura no Brasil

O Senado Federal prestou homenagem ao centenário de nascimento de Jaime Tomaz de Aquino, reconhecido empresário cearense e fundador da Companhia Industrial de Óleos do Nordeste (Cione). A sessão especial, proposta pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), ressaltou as contribuições de Aquino para a cajucultura no Brasil, especialmente no estado do Ceará, onde a produção e exportação de castanha de caju se tornaram atividades de destaque graças à sua atuação.

Nascido em 1924, na cidade de Jaguaribe, Ceará, Jaime Tomaz de Aquino iniciou sua trajetória como caminhoneiro e comerciante, até fundar a Cione em 1962. Sob sua liderança, a empresa cresceu e se consolidou como a mais antiga do setor em atividade no país, com atuação expressiva na produção e exportação de castanha de caju. Eduardo Girão, em seu requerimento para a realização da homenagem, destacou que as atividades empresariais de Aquino geraram desenvolvimento econômico e social para milhares de pessoas, principalmente nos estados do Ceará e Piauí.

Durante a sessão, Girão destacou a visão empreendedora de Jaime Aquino, que expandiu suas operações para além das fronteiras nacionais, exportando para mercados como Estados Unidos, Canadá, Europa e Oriente Médio. O senador enfatizou que a liderança de Aquino foi marcada por investimentos constantes em modernização, o que contribuiu para posicionar o Brasil no cenário global da cajucultura. Girão também mencionou o comprometimento do empresário com a sustentabilidade e a inclusão social, refletido em projetos que transformaram suas fazendas em comunidades autossustentáveis.

A sessão contou com depoimentos emocionados de diversas personalidades que conviveram com Aquino e testemunharam seu impacto na cajucultura e na economia do Nordeste. Flávio Azevedo (PL-RN), senador e amigo pessoal de Jaime Aquino, lembrou o perfeccionismo do empresário, destacando que ele sempre buscava a excelência em suas atividades. Azevedo afirmou que Aquino, além de ser um grande homem do Ceará, foi um brasileiro comprometido com o desenvolvimento socioeconômico de sua terra natal.

José Amilcar de Araújo Silveira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), e Gustavo Adolfo Saavedra Pinto, chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, também prestaram tributo ao legado de Jaime Aquino. Ambos ressaltaram o papel fundamental de Aquino na construção da cadeia produtiva da cajucultura, destacando sua visão de transformar o caju em uma fonte valiosa de produtos, com aplicação de tecnologias que revolucionaram o setor.

Maurício Campos e Ana Cristina, integrantes da diretoria do Instituto do Caju Brasil, reafirmaram a atuação visionária de Jaime Aquino, sublinhando sua dedicação às práticas sustentáveis e sua contribuição para a inserção do caju em novos mercados, como o veganismo e a gastronomia. Eles ressaltaram que o empresário não apenas transformou a indústria do caju, mas também inspirou muitos a seguir seus passos.

Familiares do homenageado, como Lisiane Dias Carneiro Aguiar e Aderson Gondim Carneiro, também participaram da sessão, destacando as qualidades humanas de Jaime Aquino, como sua inteligência e carisma, que cativavam a todos ao seu redor. Eles reforçaram que, mesmo sem formação acadêmica, Aquino possuía uma visão de futuro que o tornou um exemplo a ser seguido.

*Com informações da Agência Senado.


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