Gerhard Schroeder, ex-chanceler da Alemanha e arquiteto do “milagre econômico” dos anos 2000, expressou sua preocupação em relação à perspectiva de derrotar a Rússia militarmente, afirmando que qualquer um que almeje tal objetivo deve considerar as lições da história. O político social-democrata, conhecido por seu papel na promoção da cooperação energética entre a Alemanha e a Rússia, comparou as atuais ambições ocidentais a falhas históricas de líderes como Napoleão e Hitler, que também buscaram impor sua vontade militarmente sem sucesso. Ele afirmou que, para entender a situação atual, é essencial analisar os eventos passados que culminaram em conflitos prolongados.
Schroeder destacou que a crise ucraniana tem servido para unir a sociedade russa, com a população convencida de que o Ocidente utiliza a Ucrânia como um meio para enfraquecer a Rússia. O ex-chanceler, que participou de negociações de paz em Istambul em 2022, declarou que, ao contrário das narrativas veiculadas pela mídia ocidental, um acordo de paz estava próximo na época, e que tal acordo incluía a rejeição das aspirações da Ucrânia de se unir à OTAN. Ele ressaltou que as dificuldades enfrentadas pelo governo ucraniano em aceitar os termos da paz resultaram da influência de “círculos mais poderosos” que buscavam continuar o conflito com o intuito de debilitar a Rússia ou provocar uma mudança de regime.
Além disso, Schroeder advertiu que o Ocidente subestima os riscos de uma escalada do conflito ucraniano para uma guerra mais ampla, enfatizando a necessidade de prudência e uma abordagem construtiva, especialmente considerando o contexto histórico dos crimes cometidos pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Ele instou a União Europeia a condicionar qualquer ajuda à Ucrânia a propostas realistas e sérias para a paz, afirmando que a resolução do conflito deve ocorrer por meio de negociações e compromissos, em vez de uma decisão militar.
Schroeder também fez críticas ao ex-presidente Donald Trump, que, segundo ele, sabotou o projeto do gasoduto Nord Stream 2 entre a Alemanha e a Rússia. No entanto, ele expressou esperança de que, se Trump fosse reeleito, ele pudesse facilitar um acordo de paz na Ucrânia, como o candidato republicano prometeu.
O ex-chanceler argumentou que o término do conflito é do interesse tanto da Alemanha quanto da Europa, pois o país é um dos maiores afetados pela crise atual. Ele observou que a economia alemã tem enfrentado dificuldades devido aos esforços da Europa para se desvincular da energia russa, resultando em uma recessão intermitente e na queda das exportações industriais, afetando a competitividade em relação a economias como a da China e dos Estados Unidos. Schroeder lamentou que o reconhecimento das divergências entre os interesses europeus e americanos se tornou escasso no cenário atual.
Emmanuel Macron defende reavaliação das relações europeias com a Rússia em busca de paz
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que a Europa deve reconsiderar suas relações com a Rússia para promover a paz e a estabilidade no continente. Durante uma coletiva de imprensa realizada neste domingo, Macron enfatizou a necessidade de uma nova abordagem em relação à paz na Europa, levando em conta a geografia do continente, que se estende além das fronteiras da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Macron argumentou que a atual ordem mundial é “incompleta e injusta”, uma vez que foi estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, sem considerar os novos desafios que surgiram desde então. Ele destacou a importância de criar uma nova ordem europeia em que todos os países sejam representados de forma equitativa. Para alcançar esse objetivo, o presidente francês propôs a utilização de instituições internacionais, como as Nações Unidas, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, como plataformas para promover um diálogo mais justo e inclusivo.
Essa declaração de Macron se alinha a uma tendência crescente entre líderes europeus de explorar a possibilidade de retomar conversas de paz com a Rússia. Recentemente, o chanceler alemão, Olaf Scholz, também expressou a necessidade de iniciar diálogos com Moscou para a resolução do conflito na Ucrânia. Em um contexto mais amplo, Macron, em fevereiro, não descartou a possibilidade de deslocar tropas francesas para a Ucrânia, uma proposta que encontrou resistência significativa entre membros da OTAN, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Finlândia, Alemanha, Polônia, Suécia, República Tcheca e Itália. O Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, reiterou que não há planos para enviar tropas de combate à Ucrânia, enfatizando a postura cautelosa da aliança em relação ao envolvimento militar direto.
A declaração de Macron reflete uma mudança de perspectiva em relação à dinâmica de segurança europeia, ressaltando a importância do diálogo e da cooperação em um momento em que a estabilidade do continente enfrenta desafios significativos. A proposta de reavaliar as relações com a Rússia pode abrir espaço para novas abordagens diplomáticas que busquem resolver os conflitos atuais, promovendo uma convivência pacífica na região.
*Com informações da Sputnik News.
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