A nomeação de um novo primeiro-ministro na França, realizada 60 dias após as eleições legislativas antecipadas, não encerrou a crise política no país. Quinze dias após assumir, o conservador Michel Barnier apresentou ao presidente Emmanuel Macron uma lista de 38 ministros para o futuro gabinete, mas a divulgação oficial dos nomes ainda não ocorreu.
O impasse se mantém entre a direita, fortalecida pela escolha de um membro do partido Os Republicanos (LR) para o cargo de primeiro-ministro, e o centro, que representa o presidente. A esquerda, que obteve vitória nas eleições de junho e julho, não participa do novo governo, uma vez que Barnier enfrentou recusas significativas por parte dos socialistas durante as negociações para a formação do ministério, segundo informa o jornal Libération.
A publicação destaca que a falta de um anúncio oficial dos nomes nas escadarias do Palácio do Eliseu evidencia o enfraquecimento do Executivo após a dissolução da Assembleia. A nova versão da lista, retocada por Macron, reflete um reequilíbrio nas forças políticas, pois foi considerada excessivamente alinhada à direita.
Barnier, que manifestou descontentamento com as dificuldades para compor o gabinete, prometeu revelar o ministério completo até domingo. Os últimos detalhes estão sendo discutidos entre o grupo macronista e a direita tradicional.
Em relação às críticas, observa-se que Macron não rejeitou os nomes indicados, incluindo políticos conservadores da ala mais à direita do LR. O senador Bruno Retailleau, da direita católica, está em vias de assumir uma das pastas mais importantes, o Ministério do Interior. Sua indicação, devido a posições semelhantes às da extrema direita sobre imigração, foi alvo de reprovação por parte da esquerda. Outro nome controverso é o da senadora LR Laurence Garnier, escolhida para o Ministério da Família, que é contrária ao casamento homoafetivo e à inclusão do direito ao aborto na Constituição francesa.
A presidente interina de Os Republicanos, Annie Genevard, ocupará o Ministério da Agricultura. Dentre os 38 ministros indicados, dezesseis já ocupam algum ministério atualmente.
O jornal Le Monde ressalta que, embora o primeiro-ministro proclame uma ruptura, o perfil de sua equipe se assemelha de maneira notável ao governo anterior, com um acréscimo de influentes figuras dos Republicanos, o que sugere uma confirmação da tendência conservadora do mandato de Emmanuel Macron. A ausência de representantes da esquerda contribui para a percepção de desequilíbrio na nova equipe.
O Le Figaro analisa que as negociações políticas em torno da formação do gabinete indicam um cenário de degradação da qualidade do debate político desde a dissolução da Assembleia. A lista ministerial é resultado de 15 dias de negociações intensas, marcadas por conflitos internos e ameaças de demissão.
O jornal questiona a razão pela qual o voto de protesto se volta para partidos como o Reunião Nacional e a França Insubmissa, bem como a abstenção. Além disso, aponta que o novo primeiro-ministro deve enfrentar a hostilidade inicial desses dois partidos e também a resistência oculta de membros do partido presidencial, especialmente do ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, líder dos macronistas.
*Com informações da RFI.
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