O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou nesta quinta-feira (26/09/2024) que as operações militares contra o Hezbollah no Líbano seguirão conforme os planos estabelecidos, sem previsão de cessar-fogo. A afirmação veio em resposta a notícias veiculadas pela mídia sobre uma possível trégua mediada por França e Estados Unidos, que teriam solicitado uma pausa de 21 dias nos combates ao longo da fronteira entre Israel e Líbano. Netanyahu, no entanto, negou que tenha respondido ao pedido dos dois países e instruiu o Exército a continuar suas ações militares “com toda a força necessária”.
Após o pedido de cessar-fogo feito pelas potências ocidentais, houve rumores de que uma trégua entre Israel e Hezbollah estaria próxima de ser implementada. A mídia israelense relatou que altos funcionários dos Estados Unidos acreditavam que a trégua poderia entrar em vigor em poucas horas. No entanto, o gabinete do primeiro-ministro emitiu um comunicado oficial desmentindo essas informações, afirmando que não houve diretrizes de moderação nos combates e que a proposta ainda não foi analisada.
França e Estados Unidos estão à frente das negociações para o cessar-fogo, com o objetivo de interromper a fase mais intensa dos confrontos e garantir que civis possam retornar para suas casas. Ambos os países, acompanhados por seus aliados, fizeram um apelo na Assembleia Geral da ONU em Nova York para que as hostilidades cessassem, dando espaço para a diplomacia. No pedido de trégua, os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, ressaltaram a necessidade de garantir a segurança na fronteira israelo-libanesa e de proteger os civis afetados pelos combates.
O documento apresentado por França e Estados Unidos é apoiado por diversos países, como União Europeia, Austrália, Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Joe Biden, em particular, advertiu sobre o risco de uma guerra generalizada no Oriente Médio, destacando que os esforços diplomáticos devem ser intensificados para evitar uma escalada do conflito.
Na noite anterior, o Exército israelense relatou que realizou bombardeios contra cerca de 75 alvos do Hezbollah no Vale do Bekaa e no sul do Líbano, atingindo instalações de armas e lançadores de mísseis. A agência de notícias ANI descreveu a noite como uma das mais violentas na região de Baalbeck e no sul do Líbano, áreas que são redutos do Hezbollah.
O chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, general Herzi Halevi, instruiu suas tropas a se prepararem para uma possível ofensiva terrestre, lembrando o conflito de 2006, quando Israel também travou uma guerra contra o Hezbollah. Desde o início dos ataques, na segunda-feira, mais de 600 pessoas já perderam a vida no Líbano, a maioria delas civis. O Hezbollah, com apoio do Irã, intensificou o lançamento de foguetes contra o norte de Israel, incluindo o disparo de um míssil que atingiu a região de Tel Aviv.
A intensificação dos bombardeios israelenses levou mais de 90 mil pessoas a abandonarem suas casas no Líbano, buscando refúgio em Beirute ou na Síria. No último ataque, realizado na quarta-feira, mais de 70 pessoas morreram e outras 400 ficaram feridas, segundo as autoridades libanesas. A ONU tem monitorado a situação humanitária e alerta para o crescente número de deslocados, em meio ao aumento da violência na região.
Bombardeios de Israel no Líbano entram no terceiro dia enquanto reunião da ONU busca soluções
Nesta quarta-feira (24/09/2024), os bombardeios de Israel no sul do Líbano completaram três dias, antecedendo uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, convocada pela França. O Hezbollah disparou um míssil de longo alcance contra a sede do Mossad, serviço de inteligência e contraterrorismo de Israel, localizada na periferia de Tel Aviv. O projétil foi interceptado pelo sistema de defesa antimísseis israelense, marcando o primeiro disparo do tipo desde o início da guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, em outubro.
O Hezbollah confirmou a morte de Ibrahim Mohammed Kobeissi, um de seus principais comandantes militares, durante um ataque aéreo israelense na terça-feira, 23, nos arredores de Beirute. Segundo Israel, Kobeissi era responsável pela coordenação da rede de mísseis e foguetes da milícia libanesa. O bombardeio também causou a morte de outros dois combatentes do grupo. A ofensiva ocorre em meio à escalada de tensão na região, com o Hezbollah intensificando seus ataques como forma de apoio ao Hamas.
Durante uma reunião paralela à Assembleia Geral da ONU, o presidente da França, Emmanuel Macron, apelou ao presidente iraniano Massoud Pezeshkian para que buscasse uma redução das hostilidades, mas o líder iraniano afirmou que o Hezbollah não poderia ser deixado sozinho diante de Israel. A China também declarou que continuará a apoiar o Irã, independentemente das circunstâncias regionais e internacionais.
Vários países árabes manifestaram críticas crescentes a Israel. Em um comunicado divulgado na quarta-feira, Iraque, Egito e Jordânia acusaram Israel de levar a região a uma “guerra total”. O emir do Catar, durante seu discurso na Assembleia Geral, classificou as ações em Gaza como “crime de genocídio”. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, comparou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a Adolf Hitler, conclamando a comunidade internacional a se unir contra o premiê israelense, que adiou sua viagem a Nova York e deve discursar apenas na sexta-feira.
Presidente Lula critica apoio a Israel e pede maior esforço para cessar ofensiva no Oriente Médio
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (26), em Nova York, criticou a postura de Israel e dos países que apoiam sua ofensiva militar no Oriente Médio. Lula afirmou que as nações que dão sustentação ao governo israelense, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, devem intensificar seus esforços para interromper o que classificou como genocídio. O presidente brasileiro reiterou sua condenação às ações de Israel, enfatizando que acredita que a maioria do povo israelense não concorda com essa postura governamental.
Durante sua participação em eventos paralelos à Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula voltou a destacar sua posição crítica em relação à política adotada por Israel nos territórios palestinos. No dia anterior, o presidente brasileiro já havia se manifestado sobre a crise humanitária na Faixa de Gaza, ao discursar na abertura da Assembleia. Em sua fala, Lula condenou o que descreveu como “punição coletiva” do povo palestino, resultante da resposta militar de Israel após o ataque de 7 de outubro, que vitimou civis israelenses. O presidente também alertou para a expansão do conflito para outras regiões, como o Líbano, agravando a situação.
O presidente brasileiro mencionou que a crise no Oriente Médio, particularmente em Gaza e na Cisjordânia, representa uma das maiores emergências humanitárias recentes, destacando o elevado número de vítimas, a maioria mulheres e crianças. Segundo Lula, mais de 40 mil pessoas já perderam a vida em consequência do conflito. Ele reforçou que é necessário um esforço conjunto da comunidade internacional para conter a escalada da violência e garantir a proteção de civis nas áreas de conflito.
Israel intensifica operação militar no Líbano em resposta a ameaças do Hezbollah
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou no dia 23 de setembro que a escalada militar no Líbano é necessária para defender o país contra o Hezbollah, uma milícia xiita apoiada pelo Irã. Netanyahu afirmou que a neutralização das armas do grupo é essencial para permitir o retorno seguro das comunidades do norte de Israel, deslocadas devido aos ataques do Hezbollah. Há aproximadamente um ano, 60 mil israelenses foram obrigados a deixar suas casas em decorrência dos bombardeios lançados pelo Hezbollah na região de fronteira.
O Hezbollah, classificado como organização terrorista por países como Estados Unidos e Alemanha, e tido como grupo terrorista armado pela União Europeia, argumenta que os mísseis disparados contra Israel são uma forma de apoio ao Hamas. O Hamas, por sua vez, é um grupo que controla a Faixa de Gaza e, em outubro de 2023, foi responsável por um ataque em solo israelense que resultou em mais de mil mortos e centenas de reféns. Em resposta, Israel iniciou uma série de operações militares que já causaram mais de 41 mil mortes de palestinos, conforme relatado pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
No Líbano, a ofensiva israelense tem causado um crescente número de vítimas, com mais de 500 mortos e mais de 1.600 feridos. Além dos ataques, explosões de aparelhos de comunicação e assassinatos de líderes do Hezbollah intensificaram a crise no país. Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, afirmou que a situação se aproxima de uma guerra em larga escala.
A especialista Sanam Vakil, diretora do Programa para o Oriente Médio e o Norte da África do think tank Chatham House, aponta que a operação militar israelense no Líbano tem três objetivos principais. O primeiro seria desconectar os fronts de Gaza e do Hezbollah nas fronteiras do norte de Israel, visto que o país não conseguiu um cessar-fogo em Gaza nem um acordo de paz com o Hezbollah devido à situação em Gaza. Desde o ataque de outubro, o “Eixo de Resistência”, composto por Irã, Hezbollah, Hamas e outras milícias, tem intensificado a pressão sobre Israel.
O segundo objetivo, segundo Vakil, seria neutralizar a ameaça permanente que o Hezbollah representa para a segurança de Israel no Líbano. Conflitos anteriores entre Israel e o Hezbollah, como a Segunda Guerra do Líbano, em 2006, não resultaram na retirada ou desarmamento da milícia xiita, conforme estipulado pela Resolução 1.701 das Nações Unidas. Em vez disso, o Hezbollah ampliou seu arsenal e treinou novos combatentes com apoio iraniano, mantendo o temor de futuros sequestros de israelenses.
O terceiro objetivo, de acordo com a especialista, seria deslocar o foco da crise em Gaza para o Líbano. Apesar dos combates continuarem em Gaza, com mais de 90 reféns ainda em poder do Hamas, o cenário no Líbano acaba desviando a atenção da comunidade internacional para outra frente de conflito. Israel, por sua vez, ainda não definiu uma estratégia clara para o “dia seguinte” à guerra em Gaza, o que torna o conflito no Líbano uma forma de distração.
Adolescente brasileiro morre no Líbano após bombardeios israelenses
Um adolescente brasileiro de 15 anos morreu no Líbano após uma série de bombardeios realizados por tropas israelenses no Vale do Beqaa, a 30 quilômetros da capital Beirute, na quarta-feira, 25 de setembro. O jovem, identificado como Ali Kamal Abdallah, foi atingido durante os ataques, que fazem parte da escalada de conflitos entre Israel e o Hezbollah. Além do adolescente, seu pai, de nacionalidade paraguaia, também perdeu a vida nas explosões. A embaixada do Brasil no Líbano informou que está em contato com os familiares das vítimas para prestar apoio e assistência consular.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, condenou o conflito durante entrevista à imprensa após seu último compromisso na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Nova York. Lula destacou o elevado número de vítimas civis libanesas, incluindo mulheres e crianças. Segundo o presidente, 620 pessoas já morreram no Líbano desde o início da ofensiva, sendo 94 mulheres e 50 crianças, além de 2.058 feridos e mais de 10 mil pessoas que foram forçadas a abandonar suas residências.
A escalada de violência no Líbano ocorre em paralelo aos confrontos entre Israel e o grupo Hezbollah, que têm trocado tiros na fronteira entre os dois países desde o início da guerra em Gaza no ano passado. O conflito foi desencadeado por um ataque do Hamas, aliado do Hezbollah, o que levou Israel a intensificar sua campanha militar no Líbano nas últimas semanas.
*Com informações da RFI, DW e Agência Brasil.
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