Israel retalia no Sul do Líbano e presidente Benjamin Netanyahu ameaça Irã no palanque da ONU

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, utilizou o espaço da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York para direcionar ameaças ao Irã. Durante seu discurso, realizado na sexta-feira (27/09/2024), Netanyahu afirmou: “Se vocês nos atingirem, nós atingiremos vocês”, uma declaração feita em frente à delegação iraniana presente no evento. Além disso, uma autoridade israelense informou que uma possível operação militar terrestre no Líbano seria realizada “o mais breve possível”.

Apesar de ter enfrentado vaias durante sua fala e ter sido boicotado por diplomatas de várias nações, Netanyahu reiterou que “não há lugar no Irã que o longo braço de Israel não possa alcançar”. O primeiro-ministro também reafirmou a intenção de Israel de continuar sua campanha em Gaza até a “vitória total” sobre o Hamas. Ele instou o grupo palestino a depor suas armas para pôr fim ao conflito, afirmando: “O Hamas deve partir”. Em suas palavras, ele enfatizou que a guerra poderia ser encerrada caso o Hamas se rendesse e libertasse os reféns, mas alertou que, na ausência disso, as hostilidades continuariam até que Israel alcançasse a vitória.

No que se refere à situação no Líbano, Netanyahu declarou que Israel não irá cessar as operações até que “todos” os objetivos sejam cumpridos. Recentemente, Tel Aviv intensificou as ações contra o Hezbollah, uma milícia xiita aliada do Irã, e uma fonte de alta segurança israelense informou que a operação terrestre estaria entre as opções disponíveis. Esta fonte, que falou sob condição de anonimato, destacou que Israel “se prepara todos os dias” para essa possibilidade e que os ataques aéreos realizados nos últimos dias já resultaram em numerosas baixas entre os membros do Hezbollah, além de terem reduzido suas capacidades militares.

O Hezbollah, por sua vez, intensificou os ataques com foguetes contra Israel, alegando apoio ao Hamas, que entrou em conflito com Israel após os ataques de 7 de outubro. O alto funcionário de segurança de Israel afirmou que as operações aéreas visam eliminar líderes do Hezbollah e desobstruir as áreas fronteiriças para permitir o retorno de residentes deslocados.

Desde o início das operações, as forças aéreas israelenses bombardearam posições do Hezbollah diariamente, resultando na evacuação de aproximadamente 118 mil pessoas, conforme relatado pelas Nações Unidas. De acordo com o Ministério da Saúde libanês, mais de 700 pessoas foram mortas no Líbano desde o início dos ataques. Um oficial de segurança israelense refutou as alegações de que os bombardeios causavam um alto número de civis mortos, afirmando que muitos dos óbitos registrados eram de membros do Hezbollah e acusando a milícia de utilizar civis como escudos humanos.

A situação no Líbano, segundo a ONU, é considerada o “período mais mortal em uma geração”. Imran Riza, coordenador humanitário da ONU para o país, destacou em uma coletiva de imprensa que as recentes escaladas de violência têm caráter catastrófico. Os ataques israelenses são os mais letais desde a guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel, que resultou em mais de 1.200 mortes no Líbano, a maioria civis, e 160 em Israel, predominantemente militares. Riza expressou preocupações de que os eventos atuais possam ser apenas o início de um novo conflito, ressaltando que o sistema de saúde no Líbano se encontra em colapso devido à quantidade de vítimas oriundas dos ataques.

Israel intensifica bombardeios no Sul do Líbano antes de discurso de Netanyahu na ONU

Na sexta-feira (27), Israel conduziu novos ataques aéreos no sul do Líbano, desconsiderando os apelos de aliados ocidentais por um cessar-fogo. Os bombardeios ocorreram antes do discurso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Este foi o quinto dia consecutivo de ataques por parte do exército israelense, que declarou ter como alvo instalações do grupo armado libanês Hezbollah. Na véspera, os ataques resultaram em 92 mortes e 153 feridos no Líbano, além de impactarem áreas na capital, Beirute. Entre as baixas estava Mohammed Srour, chefe da unidade de drones do Hezbollah.

A agência oficial síria de notícias Sana informou que cinco militares sírios perderam a vida em um ataque israelense na região fronteiriça com o Líbano. Autoridades de Israel alegaram que “infraestruturas ao longo da fronteira são utilizadas pelo Hezbollah para transferir armas da Síria ao Líbano”. Durante a mesma operação, o exército israelense anunciou que drones e outros projéteis oriundos do Líbano foram interceptados por seu sistema de defesa aérea. O Hezbollah, por sua vez, confirmou que lançou foguetes em direção ao norte de Israel.

Desde o início dos bombardeios na segunda-feira, 23 de setembro, estima-se que pelo menos 700 pessoas tenham morrido no Líbano, com centenas de feridos. A Organização das Nações Unidas (ONU) relatou que mais de 90 mil indivíduos foram forçados a deixar suas residências no país, com mais de 31 mil buscando abrigo na Síria.

Diante da crescente escalada militar que ameaça uma nova guerra no Oriente Médio, os Estados Unidos e a França, juntamente com outros países ocidentais e árabes, fizeram um apelo por um cessar-fogo de 21 dias. Contudo, Netanyahu, em declarações feitas na quinta-feira, 26 de setembro, assegurou que o exército israelense continuaria sua luta contra o Hezbollah “com toda a força necessária”. O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, reiterou que a ofensiva prosseguirá “até a vitória”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou que a recusa de Israel em aceitar o cessar-fogo seria um erro e que Netanyahu poderia ser responsabilizado pela escalada das hostilidades na região. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, reuniu-se na quinta-feira com o ministro israelense das Questões Estratégicas, Ron Dermer, e enfatizou que a continuidade dos ataques dificultaria o retorno dos cidadãos israelenses e libaneses às suas casas.

Netanyahu estava agendado para discursar na Assembleia Geral da ONU, que teve início na terça-feira, 24 de setembro. Embora haja expectativa em relação à sua fala, analistas apontam que o primeiro-ministro não deverá apresentar novidades, visto que, desde sua chegada aos Estados Unidos, ele já havia descartado a possibilidade de encerrar os bombardeios no Líbano “enquanto os objetivos não forem alcançados”.

Governo Lula confirma morte de brasileira em ataques de Israel no Líbano

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou a confirmação de uma segunda vítima brasileira durante os ataques aéreos israelenses no Líbano. A adolescente Mirna Raef Nasser, de 16 anos, natural de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, foi atingida por um bombardeio no sul do Líbano na segunda-feira (23). Juntamente com Mirna, seu pai também foi vítima do ataque, que resulta em um crescente número de brasileiros afetados pela escalada do conflito na região. A informação foi divulgada em uma nota oficial, na qual o Itamaraty expressou “grande pesar e consternação” pela morte da jovem, um dia após a confirmação da morte de outro adolescente brasileiro, Kamal Abdallah, de 15 anos, que faleceu durante um ataque aéreo no Vale do Bekaa, também no Líbano.

A nota do governo brasileiro ainda indicou que o pai de Kamal, de nacionalidade paraguaia, também foi morto no ataque. A embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência às famílias das vítimas, conforme relatado no comunicado oficial. O governo brasileiro reafirmou sua posição de condenação aos ataques aéreos israelenses que atingem áreas civis no Líbano, pedindo às partes envolvidas que cessem imediatamente as hostilidades. A nota também expressou condolências à família de Mirna Raef.

Na mesma semana, intensificaram-se os ataques aéreos israelenses, que resultaram em explosões violentas em Beirute e arredores. A agência oficial libanesa relatou uma série de bombardeios focados nos subúrbios ao sul da capital, com Israel afirmando que os ataques tinham como alvo a sede do Hezbollah. Um vídeo divulgado pela AFP mostrou uma explosão massiva e colunas de fumaça que se elevavam sobre os edifícios. Seis prédios foram completamente destruídos, e os ataques foram descritos como os mais intensos desde a guerra entre o Hezbollah e Israel em 2006, gerando pânico na população da capital.

Na sequência dos bombardeios, a morte de altos comandantes do Hezbollah foi relatada, incluindo Ibrahim Aqil, que chefiava uma unidade de elite, e Mohammed Srour, chefe da unidade de drones do grupo. Em um discurso na Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel continuaria a ofensiva até que “todos” os objetivos fossem alcançados. Um oficial de segurança israelense revelou que uma operação terrestre poderia ser realizada em breve, conforme o país se preparava para expandir suas operações no Líbano.

Os ataques israelenses têm gerado um número crescente de deslocados, com a ONU estimando que cerca de 118 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas. O número de mortes no Líbano desde o início dos bombardeios ultrapassa 700, de acordo com informações do Ministério da Saúde libanês. Apesar das acusações de altas taxas de civis entre os mortos, autoridades israelenses insistem que muitos dos falecidos pertencem ao Hezbollah, acusando o grupo de usar civis como escudos humanos.

*Com informações da RFI.


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