Aumento na produção de cocaína na Colômbia alcança 53% em 2023, revela pesquisa

Estudo das Nações Unidas aponta crescimento do cultivo de coca e expansão territorial, com impacto na segurança e economia do país.
Estudo das Nações Unidas aponta crescimento do cultivo de coca e expansão territorial, com impacto na segurança e economia do país.

A produção potencial de cocaína na Colômbia registrou um aumento de 53% em 2023, de acordo com um relatório divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). O crescimento marca o décimo ano consecutivo de alta, consolidando a Colômbia como um dos maiores produtores da droga no mundo. O estudo aponta que a área de cultivo de coca expandiu 10%, alcançando 253 mil hectares, enquanto a produção potencial de cocaína atingiu 2.664 toneladas no mesmo período.

O relatório destaca que a maioria das plantações de coca está localizada em áreas com altas vulnerabilidades socioeconômicas e acesso restrito a serviços básicos. Em 2023, o cultivo se distribuiu por 16 dos 19 departamentos onde a produção é praticada. Cauca e Nariño, em particular, foram responsáveis por cerca de metade da expansão das áreas de plantio, refletindo uma tendência de dispersão das atividades em comparação com os aumentos registrados em 2021 e 2022, que se concentraram principalmente em Putumayo.

Embora não tenha havido o surgimento de novas áreas de cultivo até dezembro de 2023, o relatório do Unodc menciona a existência de “enclaves” de coca, onde são geradas 39% da produção potencial. Esses enclaves são regiões com alta concentração de cultivo e produção, onde a atividade ilegal é intensa e, frequentemente, fora do controle estatal. Em comparação com 2013, quando a área cultivada totalizava 37 mil hectares, o crescimento foi significativo, atingindo 209 mil hectares em 2022 e superando 253 mil no ano seguinte.

Impacto na segurança e intensificação de conflitos

O aumento da produção e do cultivo de cocaína contribuiu para a ampliação de conflitos violentos em diversas regiões do país. O Unodc indica que os grupos armados ilegais, envolvidos no mercado da cocaína, continuam a exercer controle sobre territórios e a financiar suas operações com os lucros do tráfico de drogas. A expansão da economia ilegal impulsionada pela produção de cocaína tem gerado um ciclo de violência, com reflexos diretos no aumento dos homicídios e no agravamento das condições de segurança.

A intensificação dos conflitos afeta, particularmente, as comunidades rurais, os líderes comunitários, e as populações indígenas e afrodescendentes, que enfrentam crescentes pressões em decorrência da atividade ilegal. As disputas pelo controle das áreas de cultivo e das rotas de tráfico têm levado ao aumento dos ataques contra defensores de direitos humanos e lideranças locais, além de contribuir para a deterioração das condições de vida nas áreas afetadas.

Expansão territorial e consequências socioeconômicas

A dispersão das atividades de cultivo para um maior número de departamentos reflete a capacidade dos grupos criminosos em adaptar-se às operações de erradicação conduzidas pelo governo. A produção de cocaína não se concentra mais em áreas específicas, mas se espalha por diversas regiões, dificultando os esforços de combate ao narcotráfico. A expansão também está associada ao incremento do envolvimento de economias locais com atividades ilícitas, tornando-as cada vez mais dependentes dos recursos gerados pelo tráfico.

As consequências da ampliação do cultivo de cocaína incluem não apenas o aumento da violência, mas também a degradação ambiental, em virtude do desmatamento associado ao plantio e às operações de processamento da droga. As pressões sobre os ecossistemas locais intensificam os desafios para o desenvolvimento sustentável, agravando problemas como a perda de biodiversidade e a contaminação dos recursos hídricos.

Perspectivas e desafios para o combate ao narcotráfico

O cenário apresentado pelo relatório do Unodc aponta para a necessidade de medidas abrangentes para enfrentar os desafios do narcotráfico na Colômbia. A repressão ao cultivo de coca e à produção de cocaína deve ser acompanhada por políticas de desenvolvimento alternativo que ofereçam alternativas econômicas viáveis às comunidades rurais. A implementação de programas sociais e o fortalecimento das instituições locais são essenciais para reduzir a dependência das economias ilegais e para promover a paz em regiões historicamente marcadas pela violência.

A comunidade internacional também desempenha um papel importante no apoio às estratégias de combate ao narcotráfico, seja por meio de assistência técnica, financeira ou diplomática. O fortalecimento da cooperação entre a Colômbia e os países vizinhos é fundamental para controlar o tráfico transnacional e minimizar os efeitos do crime organizado.

*Com informações da ONU News.


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