Banco do BRICS sai do marasmo e fortalece moedas locais sob presidência de Dilma Rousseff, diz analista

Dilma Rousseff, presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).
Dilma Rousseff, presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).

A recente condecoração da presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff, pela Medalha da Amizade, conferida pelo presidente chinês Xi Jinping, destaca a importância do banco para a cooperação internacional e o papel do Brasil no contexto global. A honraria, recebida em cerimônia realizada no Grande Salão do Povo em Pequim, no dia 29 de setembro de 2024, reflete o bom desempenho de Rousseff na liderança da instituição, conforme análises de especialistas. Durante a cerimônia, Xi Jinping elogiou Rousseff como uma “representante notável” entre aqueles que contribuíram para o desenvolvimento da China e para a amizade entre povos. A medalha é interpretada como um sinal do interesse da China em aumentar o prestígio do NBD, posicionando-o como uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Desde sua nomeação em 2023, Rousseff tem se concentrado em reduzir a dependência do dólar nas transações comerciais entre os países membros do BRICS. A especialista Maria Elena Rodriguez, da PUC-Rio, observa que a gestão de Rousseff trouxe avanços significativos, revitalizando um banco que, anteriormente, apresentava desempenho aquém das expectativas. A adesão de novos membros, como Egito e Emirados Árabes Unidos, e a ampliação dos investimentos são vistas como fatores que contribuíram para o fortalecimento da instituição, que agora busca atuar de forma mais assertiva na agenda do Sul Global, com ênfase em projetos sustentáveis.

Rodriguez destaca ainda a ausência de condicionalidades nos empréstimos do NBD, diferenciando-o de instituições tradicionais, que impõem exigências rigorosas aos países devedores. A gestão de Rousseff tem promovido o uso de moedas locais nos financiamentos, com a meta de que até 30% dos recursos sejam alocados dessa forma, o que, segundo a especialista, pode ajudar a mitigar a predominância do dólar.

Apesar dos avanços, desafios permanecem. A professora Rodriguez aponta a necessidade de melhorar a transparência nas operações do banco e de implementar políticas sociais mais robustas, abordando questões como gênero e inclusão de comunidades afetadas. O professor Rodrigo Leite, do COPPEAD/UFRJ, adverte sobre o papel político do NBD, afirmando que, embora a condecoração de Rousseff represente um fortalecimento da imagem da instituição, o capital disponível ainda é insuficiente quando comparado a bancos semelhantes, como o Banco Mundial.

O contexto orçamentário brasileiro, que enfrenta restrições fiscais, também influencia a atuação do NBD. Leite observa que o governo brasileiro está buscando alternativas de financiamento que não dependam exclusivamente do banco, como a emissão de dívidas, o que evidencia a necessidade de um aumento no capital do NBD. No entanto, ele reconhece que o banco tem sido útil em iniciativas como o financiamento da reconstrução do Rio Grande do Sul após desastres naturais.

O NBD, criado em 2014 pelos cinco primeiros membros do BRICS, tem se mostrado uma plataforma importante para promover o desenvolvimento sustentável e atender às necessidades de financiamento dos países em desenvolvimento. As iniciativas de Rousseff à frente do banco, incluindo a rápida resposta às crises e o foco em projetos ambientais, são vistas como passos importantes na consolidação do NBD como uma alternativa viável ao sistema financeiro internacional.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) foi criado em 2014 pelos primeiros cinco membros do BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com sede em Xangai, na China, o banco possui escritórios regionais em São Paulo, Joanesburgo, Moscou e Guajarat, na Índia.

*Com informações da Sputnik News.


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