Câmara Municipal de Feira de Santana concede título de Cidadã Feirense à sacerdotisa Marla de Oliveira Santos

Marla ressaltou a importância de homenagens como essa para o combate à intolerância religiosa.
Marla ressaltou a importância de homenagens como essa para o combate à intolerância religiosa.

A Câmara Municipal de Feira de Santana concedeu, na noite de segunda-feira (30/09/2024), o título de Cidadã Feirense à sacerdotisa Marla de Oliveira Santos, reconhecida por sua atuação na defesa das religiões de matriz africana. Em seu discurso de agradecimento, Marla destacou a importância de homenagens como essa para o reconhecimento do trabalho realizado por essas religiões e para a conscientização da sociedade em relação à intolerância religiosa. A sacerdotisa, que também é conhecida como Iyánifá Fátóún, ressaltou que o combate à discriminação e ao preconceito passa pelo fortalecimento das tradições africanas e pela promoção do respeito às diferentes crenças.

Marla de Oliveira Santos nasceu em Valente, cidade do sertão baiano, e destacou, em seu discurso, a importância da ancestralidade e das raízes culturais dos sertanejos, que, segundo ela, enfrentam dificuldades econômicas que também marcam a história de seu povo. Ela é a primeira mulher consagrada como sacerdotisa Ifá no estado da Bahia, superando resistências em um ambiente dominado por lideranças masculinas. Ao longo de sua trajetória, enfrentou os desafios impostos pelo racismo, misoginia e preconceito religioso, sempre amparada pela fé e pela orientação espiritual de seus guias.

Durante a cerimônia, Marla recordou o início de sua jornada em Salvador, onde sua trajetória como sacerdotisa começou. Ela destacou a importância do apoio espiritual dos orixás em sua caminhada, o que lhe deu forças para superar as adversidades. Segundo Marla, sua missão sempre foi pregar a fé das religiões de matriz africana, e mesmo diante das dificuldades, nunca cogitou desistir de seu propósito, pois sabia que contava com o apoio de seus guias espirituais.

Marla também ressaltou a relevância dos templos de axé como espaços de resistência e militância contra todas as formas de discriminação. Em sua visão, esses locais devem ser pontos de apoio na luta por igualdade e respeito às tradições afro-brasileiras, garantindo que as novas gerações tenham acesso à cultura e à espiritualidade de seus antepassados. Além disso, a sacerdotisa apontou que a preservação da memória e das tradições é essencial para evitar o esquecimento e a invisibilidade de sua cultura.

A cerimônia de homenagem contou com a presença de familiares da sacerdotisa, que fizeram pronunciamentos emocionados. Seus filhos, André Luiz Santos de Andrade Silva e Rui César de Andrade Silva, destacaram a força e a fé de Marla, ressaltando o impacto positivo que sua liderança espiritual tem tido na vida de muitas pessoas. André mencionou a transformação de vidas por meio de sua orientação, enquanto Rui apontou que sua mãe busca conduzir as pessoas a cometerem menos erros através de sua sabedoria. O irmão de Marla, Anselmo Oliveira Santos, também fez um discurso, enfatizando que a homenagem concedida pela Câmara representa um símbolo de esperança e de resistência na luta contra a intolerância religiosa.

Anselmo destacou a coragem de Marla ao longo de sua trajetória, mencionando que, desde pequena, ela demonstrava bravura e proteção àqueles que a honravam. Ele ressaltou ainda que sua irmã é um instrumento escolhido pelo sagrado, e que sua conexão com a ancestralidade tem sido fundamental para a manutenção das tradições e da fé das religiões de matriz africana. Para Anselmo, o reconhecimento da Câmara é um importante passo no combate à intolerância religiosa e no fortalecimento da cultura afro-brasileira.

Ao final da cerimônia, Marla de Oliveira Santos reafirmou seu compromisso com a luta contra a discriminação e o preconceito. Ela destacou que o reconhecimento do trabalho das religiões de matriz africana é um caminho para garantir o respeito e a igualdade de direitos para todos, independentemente de suas crenças. Para Marla, o futuro deve ser construído com base no amor e no respeito às tradições espirituais de cada indivíduo.


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