Caruru de Dona Chica resgata tradição interrompida há 20 anos no Quilombo Matinha dos Pretos

No dia 27 de setembro, Dia de São Cosme e Damião, o Quilombo Matinha dos Pretos, localizado em Feira de Santana, reviveu uma de suas mais tradicionais celebrações: o Caruru com samba de roda. O evento, que não era realizado pela família há 20 anos, integrou a programação do Circuito Cultural Feira EnCena e contou com a apresentação do grupo Quixabeira da Matinha, fundado por Coleirinho da Bahia e Dona Chica.

Historicamente, o caruru era realizado por Coleirinho da Bahia no segundo sábado de dezembro e incluía a preparação de uma comida sagrada, além de um dos maiores sambas de roda da região.

“Matava-se um boi para os participantes”, relembrou Guda, filho do casal e cantor de samba de roda. Este evento tinha um significado especial, servindo como um ponto de encontro e celebração da cultura local.

Após a morte de Coleirinho, em 2005, a tradição do caruru foi interrompida. Dona Chica, sua esposa e responsável pela liderança da celebração, recordou: “O último caruru foi feito em 2004.” A retomada do evento sob sua liderança trouxe de volta o fervor das tradições locais.

“Depois de 20 anos que estou fazendo uma festa de Caruru aqui. E me sinto bem, alegre”, declarou.

O grupo Quixabeira da Matinha, criado em 1989 por Coleirinho, Dona Chica, Aureliano Sambador e outras figuras proeminentes da cultura local, também se destacou durante a festividade. O grupo, que gravou seu primeiro disco em Salvador em 1992, é considerado um ícone da cultura do samba de roda na Bahia. Esteliane Vitório, sambadeira do grupo, ressaltou a importância do evento: “É muito importante estar acontecendo esse evento em nossa comunidade porque resgata uma cultura que estava morrendo no nosso distrito.”

O evento atraiu a participação de crianças, idosos, jovens e adultos da comunidade, que sambaram ao som do grupo Quixabeira, que contou com a presença da cantora Maryzélia. O Caruru, além de resgatar uma tradição cultural, representa a força da comunidade na preservação de suas raízes e na promoção da convivência social.