A pandemia de Covid-19 alterou significativamente o ambiente de trabalho, levando muitas empresas a adotarem o home office como novo padrão. Para muitos trabalhadores, essa modalidade de trabalho se associou a uma maior flexibilidade e ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Contudo, três anos após o término das restrições na maioria dos países ocidentais, algumas multinacionais estão reavaliando suas políticas e ordenando que os funcionários retornem aos escritórios.
Nos Estados Unidos, a Amazon anunciou um retorno total de seus 300.000 colaboradores ao modelo presencial, a partir de janeiro de 2025, conforme declarado pelo CEO Andy Jassy em 16 de setembro. Outros líderes de grandes indústrias, como Sam Altman, da OpenAI, Bob Iger, da Disney, e Elon Musk, da Tesla e SpaceX, expressaram suas reservas em relação ao trabalho remoto, implementando políticas que incentivam ou exigem a presença física dos empregados. A Tesla, por exemplo, exige que seus funcionários cumpram um mínimo de 40 horas semanais em seus locais de trabalho, permitindo o home office apenas para casos considerados “excepcionais”. Em contrapartida, Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, proibiu o trabalho remoto para executivos seniores, afirmando que essa prática retardava a tomada de decisões.
No cenário francês, a situação é igualmente reveladora. Em 2021, o grupo automotivo Stellantis firmou um acordo com sindicatos que permitia aos engenheiros trabalharem remotamente até três semanas por mês. No entanto, uma mudança nas demandas de desenvolvimento de veículos elétricos levou a empresa a solicitar o retorno dos engenheiros às fábricas, conforme relatado pela Bloomberg em junho de 2024. Embora a empresa tenha implementado um sistema de “flex office”, reduzindo o espaço físico disponível em 30%, a resistência ao retorno ao trabalho presencial persiste.
Essa resistência é evidenciada por pesquisas realizadas com os colaboradores da Amazon, que atribuem uma nota de 1,4 à decisão de retornar ao escritório em tempo integral, expressando preocupações sobre os impactos negativos dessa obrigatoriedade em suas vidas e na produtividade. Na França, a situação se intensificou com um chamado à greve por parte dos empregados da Ubisoft, que contestam a imposição de voltar ao escritório.
Enquanto isso, o sociólogo Jean-Yves Boulin, da Universidade Paris-Dauphine, destaca que, para muitos jovens, a possibilidade de teletrabalho é um fator decisivo na aceitação de uma oferta de emprego. Diferentemente dos Estados Unidos, onde a reavaliação do teletrabalho é mais rigorosa, as empresas francesas têm adotado modelos híbridos, permitindo de dois a três dias de home office por semana e oferecendo contrapartidas como atividades esportivas e semanas de trabalho de quatro dias.
Benoît Serre, vice-presidente da Associação Nacional Francesa de Diretores de Recursos Humanos, observa que, na França, poucas empresas adotaram o teletrabalho em sua totalidade, enquanto um estudo americano revela que trabalhadores remotos enfrentam menos aumentos salariais e promoções em comparação aos colegas que atuam presencialmente. Contudo, a França observa uma redução nas licenças por doença de curta duração, indicando que o home office traz vantagens, especialmente no que se refere ao deslocamento e à autonomia no trabalho. A expectativa dos trabalhadores é que as empresas implementem modelos operacionais e de gestão que sejam menos hierárquicos e controladores, para que o teletrabalho mantenha sua atratividade.
*Com informações da RFI.
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