Na segunda-feira (21/10/2024), Israel lançou ataques aéreos direcionados a uma empresa financeira associada ao Hezbollah, no Líbano. Este ataque ocorre em um contexto de intensificação das operações militares israelenses contra o movimento islâmico, que é apoiado pelo Irã, após quase um mês de conflitos. O enviado especial dos Estados Unidos, Amos Hochstein, chegou a Beirute para negociar com o presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, figura influente e responsável pela mediação de um possível cessar-fogo.
Os bombardeios em localidades como Tyre e Nabatiyeh miraram os escritórios da Al-Qard al-Hassan, uma instituição financeira sujeita a sanções dos Estados Unidos, resultando em “danos imensos”, segundo relatos da agência de notícias libanesa Ani. A mesma agência destacou a ocorrência de “violentos confrontos” entre as forças israelenses e os combatentes do Hezbollah, com informações sobre tentativas israelenses de avançar em Aita el-Chaab, um vilarejo no sul do Líbano, próximo à fronteira com Israel. Imagens exibidas pelo canal Al-Jazeera mostraram a presença de tanques israelenses nas proximidades da localidade.
No fim de semana anterior, a Força Aérea israelense já havia ampliado sua ofensiva, atingindo os escritórios da Al-Qard al-Hassan em subúrbios ao sul de Beirute e em Baalbeck, no leste do país. Este avanço marca uma mudança na estratégia israelense, que agora se volta não apenas contra alvos militares, mas também contra estruturas que o Hezbollah utiliza para financiar suas operações. O exército israelense declarou que os ataques foram direcionados a “dezenas de instalações usadas” pelo Hezbollah, enfatizando que as ações se concentraram nas regiões de Beirute e no sul do Líbano.
Na cena do ataque, fotógrafos da AFP relataram a observação de escombros e metal retorcido, indicando a magnitude dos bombardeios. A Al-Qard Al-Hassan, conhecida por conceder microcréditos em um contexto econômico difícil no Líbano, é uma parte fundamental da rede de serviços sociais que o Hezbollah oferece, incluindo escolas e hospitais.
Amos Hochstein, emissário dos Estados Unidos, iniciou sua visita ao Líbano na segunda-feira, com reuniões programadas com Nabih Berri e o primeiro-ministro, Najib Mikati. Hochstein expressou que os Estados Unidos desejam encerrar o conflito entre o Hezbollah e Israel “o mais rápido possível”. Desde o início dos bombardeios em 23 de setembro, a situação se agravou, culminando na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, quatro dias após o início dos ataques.
A comunidade internacional também reagiu aos eventos. A Alemanha expressou sua expectativa de que o governo israelense esclareça os incidentes que afetam a missão de paz da ONU no Líbano, especificamente a destruição de uma torre de observação e uma cerca. A ONU, através da Unifil, informou que uma escavadeira do exército israelense destruiu deliberadamente essas estruturas, gerando preocupações em Berlim.
No âmbito econômico, o fortalecimento do dólar e do ouro foi observado na segunda-feira, reflexo do aumento das tensões geopolíticas no Líbano e da cooperação entre a Coreia do Norte e a Rússia, o que levou os mercados a buscarem segurança. Frank Watson, analista da Kinesis Money, apontou que as tensões geopolíticas continuam a influenciar a busca por ativos seguros. Além disso, o mercado aguarda uma possível resposta de Israel ao ataque com mísseis realizado pelo Irã em 1º de outubro.
Israel intensifica bombardeios no Líbano e na Faixa de Gaza
No domingo (20), o Exército israelense intensificou suas operações militares, bombardeando mais de 50 localidades no sul do Líbano e em Beirute. Esta ação faz parte de uma ofensiva contínua contra o Hezbollah e ocorre simultaneamente à campanha militar em curso na Faixa de Gaza. Os ataques concentraram-se em áreas associadas ao Hezbollah, um movimento islâmico libanês, um dia após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ter acusado o grupo de uma tentativa de assassinato, mediante o lançamento de um drone contra sua residência em Cesaréia.
O Hezbollah não reconheceu a autoria do ataque com o drone, mas a missão iraniana das Nações Unidas declarou que o grupo estava envolvido. Em resposta, Netanyahu reiterou suas ameaças, afirmando que qualquer ataque contra cidadãos israelenses terá consequências severas. O Exército israelense informou ter atingido um centro de comando do Hezbollah e uma instalação subterrânea de produção de armamentos em Beirute, além de reportar a morte de três milicianos do Hezbollah em ataques realizados no sul do Líbano. Simultaneamente, o Exército israelense registrou o disparo de 70 projéteis a partir do território libanês, com alguns sendo interceptados.
Na mesma data, o Exército israelense anunciou planos para atacar as instalações da empresa financeira “Al-Qard al-Hassan”, alegando que esta estaria envolvida no financiamento das operações do Hezbollah. O porta-voz do Exército, Avichay Adraee, recomendou à população civil que deixasse as áreas próximas a essas instalações no subúrbio ao sul de Beirute.
As operações militares israelenses têm se intensificado desde setembro, em meio a uma ofensiva contínua na Faixa de Gaza, onde o Hamas é o principal adversário. No dia anterior, o Exército israelense informou ter atacado cerca de 175 alvos no Líbano e na Faixa de Gaza, enquanto o ministro da Defesa, Yoav Gallant, afirmou que o objetivo é destruir o inimigo ao longo da fronteira.
A agência de notícias libanesa ANI reportou que o Exército israelense realizou 14 ataques consecutivos em 15 minutos na cidade de Khiam, além de explodir diversas residências em três localidades fronteiriças. Em Beirute, um dos ataques atingiu um edifício próximo a uma mesquita e a um hospital. O Exército libanês confirmou a morte de três soldados em disparos israelenses direcionados a um de seus veículos.
O Hezbollah assumiu a responsabilidade pelo disparo de foguetes contra a cidade de Haifa e contra três bases militares israelenses no norte do país, além de tropas localizadas no sul do Líbano. A situação se complica ainda mais com a denúncia da missão de paz da ONU no Líbano, que informou a demolição intencional de uma torre de observação e uma cerca por uma escavadeira do Exército israelense em Marwahin. A ONU reafirmou seu compromisso de monitorar a situação na fronteira.
Desde que o Hamas foi significativamente enfraquecido em Gaza, as operações israelenses se concentraram mais no Líbano, com incursões terrestres iniciadas uma semana após o aumento dos bombardeios em 23 de setembro. Segundo dados da AFP, o número de mortos no Líbano desde o início da ofensiva em 23 de setembro já chega a 1.454, enquanto a ONU reporta cerca de 700 mil deslocados.
Na Faixa de Gaza, Israel intensificou sua ofensiva contra o Hamas, com a eliminação de seu líder, Yahya Sinwar, e ataques que resultaram em várias baixas. No domingo, pelo menos 73 pessoas foram mortas em um ataque em Beit Lahia, com muitos feridos sendo tratados em hospitais, onde a situação se torna crítica. A Organização para a Cooperação Islâmica condenou o que descreveu como um “massacre hediondo”.
A escalada das hostilidades entre Israel e Irã também é um fator relevante, com o Irã tendo lançado 200 mísseis contra o território israelense em 1º de outubro. A guerra em Gaza teve início após um ataque em 7 de outubro que resultou na morte de 1.206 pessoas em Israel, a maioria civis, e na captura de 251 reféns, dos quais 97 ainda estão em cativeiro. A ofensiva israelense em Gaza resultou na morte de 42.603 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, reconhecidos pela ONU como confiáveis.
*Com informações da RFI.
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