Hezbollah ameaça atacar Israel em diversas fronteiras enquanto líderes Emmanuel Macron e Benjamin Netanyahu divergem sobre cessar-fogo e resoluções da ONU

Emmanuel Macron, presidente francês, qualificou como "totalmente inaceitável" o ataque de Israel às posições das Forças de Manutenção da Paz da ONU no Líbano.
Emmanuel Macron, presidente francês, qualificou como "totalmente inaceitável" o ataque de Israel às posições das Forças de Manutenção da Paz da ONU no Líbano.

O líder da oposição parlamentar em Israel e ex-primeiro-ministro, Yair Lapid, solicitou ao governo que considere atacar os campos de petróleo do Irã. Essa ação, segundo Lapid, poderia afetar negativamente a economia iraniana, conforme reportado pelo Jerusalem Post. A proposta de Lapid surge em um contexto em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em conversas com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teria declarado sua disposição de atacar instalações militares iranianas, excetuando-se os alvos relacionados ao petróleo ou ao programa nuclear do país.

Lapid enfatizou que, em caso de uma retaliação por parte das Forças de Defesa de Israel (FDI), o foco deveria ser os campos de petróleo iranianos, uma vez que tal ação teria um efeito considerável sobre a economia da República Islâmica. O Washington Post informou que o governo dos EUA expressa preocupações sobre o impacto que um ataque dessa natureza teria sobre os preços do petróleo. A alta nos preços poderia prejudicar a economia norte-americana, especialmente em um período crítico que antecede a eleição presidencial nos Estados Unidos, marcada para novembro.

Em resposta às preocupações norte-americanas, Lapid defendeu que, para evitar uma crise econômica global resultante de um possível aumento nos preços do petróleo, poderiam ser realizadas negociações com outros países produtores, como a Arábia Saudita, a fim de elevar a produção petrolífera. Esta abordagem, segundo ele, permitiria mitigar os efeitos adversos de um ataque aos campos de petróleo iranianos.

Recentemente, o Irã conduziu um ataque de mísseis contra Israel, considerado uma ação de autodefesa. Os militares israelenses relataram que aproximadamente 180 mísseis foram disparados, dos quais a maioria foi interceptada. A administração iraniana afirmou que os mísseis atingiram alvos militares israelenses, enquanto Israel minimizou os danos reportados. Em resposta, Tel Aviv prometeu uma retaliação, e os Estados Unidos declararam que apoiariam Israel em caso de escalada do conflito.

Emmanuel Macron lembra a Benjamin Netanyahu sobre a origem de Israel em resolução da ONU

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou, em declaração feita em 15 de outubro, que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve recordar que Israel foi estabelecido por uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU). A declaração foi divulgada pelo jornal Le Parisien e ocorreu após Macron convocar o embaixador israelense em Paris para uma reunião no Ministério das Relações Exteriores.

Na ocasião, Macron enfatizou que Netanyahu não deve violar as decisões da ONU, referindo-se à votação da Assembleia Geral da ONU em 1947 que apoiou a criação de dois Estados, um árabe e outro judeu. O presidente francês fez essa afirmação em meio a um crescente atrito nas relações entre Paris e Tel Aviv, exacerbado pela postura de Macron em relação às exportações de armas para Israel, utilizadas em operações militares na Faixa de Gaza. Esse conflito, que se arrasta por mais de um ano, resultou em mais de 42 mil mortes.

Em outra crítica, Macron qualificou como “totalmente inaceitável” o ataque de Israel às posições das Forças de Manutenção da Paz da ONU no Líbano, ressaltando que a França não tolerará novos bombardeios. O presidente francês lembrou que há cerca de 700 soldados franceses integrando as tropas de paz na região. Após o ataque israelense, o embaixador de Israel em Paris, Joshua Zarka, foi chamado ao Ministério das Relações Exteriores para prestar esclarecimentos. O diplomata argumentou que França e outras nações com tropas na missão da ONU no Líbano devem demandar a retirada dos capacetes azuis da fronteira.

Na mesma data, o chanceler francês, Jean-Noël Barrot, afirmou que os pacificadores devem permanecer na região para cumprir suas funções durante o cessar-fogo. Desde o início do mês, Israel intensificou suas operações terrestres contra o Hezbollah no sul do Líbano, acompanhadas de bombardeios aéreos, resultando em mais de 2 mil mortes no Líbano, incluindo líderes do movimento. O Hezbollah, apesar das perdas, continua a resistência e a realizar ataques com foguetes em direção ao território israelense.

Hezbollah ameaça atacar Israel em diversas fronteiras

O grupo armado Hezbollah anunciou, em 15 de outubro, o lançamento de uma “salva de foguetes” contra a cidade de Safed e uma base militar no norte de Israel, ameaçando realizar ataques “em todos os lugares” do território israelense. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou a sua posição contrária a um cessar-fogo em conversa telefônica com o presidente francês Emmanuel Macron, em um contexto de crescente tensão regional.

Na ocasião, Naïm Qassem, o número dois do Hezbollah, afirmou que a solução para o conflito no Líbano seria um cessar-fogo, afirmando que o movimento não seria derrotado. Ele destacou que, diante da intensa ofensiva israelense, o Hezbollah tem o direito de atacar em qualquer parte de Israel, incluindo centros urbanos e áreas no norte e no sul. O grupo também informou que conseguiu atingir vários tanques e escavadoras israelenses na cidade de Ramia, no sul do Líbano, e se envolveu em confrontos diretos com as tropas israelenses.

Desde o início de sua ofensiva em 30 de setembro, Israel tem intensificado seus bombardeios aéreos, com foco em áreas ao sul e ao leste de Beirute, redutos históricos do Hezbollah. O conflito transfronteiriço se intensificou a partir de 23 de setembro, resultando em pelo menos 1.315 mortes no Líbano, conforme dados da AFP baseados em informações oficiais.

Em uma entrevista à AFP, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, informou que Israel realizava “breves incursões” no sul do Líbano e que o país estava preparado para aumentar o número de tropas na região caso um cessar-fogo fosse estabelecido. No entanto, Netanyahu se opôs à ideia de um cessar-fogo unilateral, argumentando que tal medida não alteraria a situação de segurança no Líbano.

A troca de declarações entre Macron e Netanyahu ocorreu em um momento de crescente pressão do presidente francês sobre Israel para que respeite as decisões da ONU. Macron recordou a Netanyahu que Israel foi fundado por uma resolução da ONU em 1947, relacionada ao plano de partilha da Palestina. Netanyahu, em resposta, afirmou que o Estado de Israel foi estabelecido pela vitória na Guerra da Independência, enfatizando o papel dos combatentes, muitos dos quais eram sobreviventes do Holocausto.

As tensões entre França e Israel aumentaram após Macron defender a interrupção das exportações de armas utilizadas por Israel na Faixa de Gaza e no Líbano, descrevendo essa medida como essencial para a paz na região. Além disso, o governo francês condenou os ataques israelenses que feriram membros das forças de manutenção da paz da ONU, reiterando que a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que pôs fim ao conflito anterior entre Israel e Hezbollah em 2006, deve ser respeitada.

*Com informações da Sputnik News e RFI.


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