O governo de Israel emitiu, nesta quinta-feira (17/10/2024), um alerta à população do leste do Líbano, especialmente àqueles na zona de Bekaa, para que abandonem a região. A medida ocorre após a realização de bombardeios aéreos que visaram posições do Hezbollah, tanto no Líbano quanto na Síria.
O Exército Israelense divulgou uma ordem de evacuação “urgente” por meio da rede social X, indicando um “ataque iminente” na área do planalto de Bekaa. O porta-voz das Forças Armadas, Avichay Adraee, destacou que “edifícios na zona de Temnine” são “instalações que pertencem ao Hezbollah”.
O alerta foi emitido poucas horas depois de uma série de ataques aéreos que ocorreram na quarta-feira (16) e que resultaram na morte de 16 pessoas em uma cidade no sul do Líbano, além de causar destruição generalizada na localidade. Na mesma sequência de ataques, Israel realizou um bombardeio aéreo na cidade síria de Latakia, que, segundo a agência oficial Sana, causou incêndios, embora não tenha sido relatada nenhuma vítima.
O ataque em Latakia teve como alvo um “depósito de armas”, conforme reportou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma ONG com sede no Reino Unido que possui uma extensa rede de informações sobre o conflito sírio. Israel frequentemente acusa o Hezbollah de transferir armamentos da Síria, país que recebe apoio do Irã.
Simultaneamente, nos eventos ocorrendo no Iémen, os Estados Unidos anunciaram, na noite de quarta-feira, a utilização de bombardeiros B-2 para a destruição de depósitos subterrâneos de armas pertencentes aos Huthis, um grupo que realiza ataques a navios cargueiros no Mar Vermelho e que também é financiado pelo Irã.
Israel, que enfrenta conflitos com o Hezbollah e com o Hamas na Faixa de Gaza, também se prepara para responder ao ataque realizado com mísseis iranianos em 1º de outubro. O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, reafirmou que seu país “responderá de maneira determinada” a qualquer possível agressão.
Na quarta-feira, o Exército israelense informou ter atingido “dezenas de alvos do Hezbollah” nas proximidades de Nabatiyeh, um bastião do movimento e de seu aliado xiita Amal, localizado no sul do Líbano, resultando na morte do prefeito da cidade, Ahmad Kahil. O Ministério da Saúde libanês confirmou 16 mortes e 52 feridos no local.
Imran Riza, coordenador do braço humanitário da ONU no Líbano, denunciou o ataque como um “ataque catastrófico”. Em Cana, o socorrista Mohammed Ibrahim relatou que “mais de 15 edifícios foram completamente destruídos”, descrevendo a situação como um “verdadeiro desastre”, após um ataque que resultou na morte de um comandante do Hezbollah.
Além disso, a Força de Paz da ONU (UNIFIL) relatou que um tanque israelense disparou contra uma de suas torres de vigilância no sul do Líbano, caracterizando o evento como um “ataque direto e visivelmente deliberado”.
ONU denuncia recusa de Israel em distribuir ajuda humanitária no Norte de Gaza
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou uma reunião de emergência na quarta-feira (16/10/2024), atendendo a um pedido da Argélia, para discutir a grave deterioração das condições de vida das pessoas deslocadas no norte da Faixa de Gaza. De acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), aproximadamente 55 mil pessoas foram forçadas a deixar a área de Jabalia em virtude do aumento dos combates na região.
Com cerca de 400 mil pessoas cercadas em Jabalia, a população começa a enfrentar a escassez de água e alimentos. O OCHA informou que 85% das solicitações de movimentação de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza foram recusadas por Israel ao longo das duas últimas semanas. Entre 2 e 15 de outubro, nenhum caminhão de ajuda humanitária entrou no território palestino, apesar da situação crítica enfrentada pela população. Somente no último fim de semana, foram entregues 1.500 rações alimentares e 1.500 sacos de farinha, enquanto as padarias permanecem sem combustível para a produção de pão.
Frente às críticas que acusam Israel de provocar uma crise humanitária em Gaza, o governo dos Estados Unidos manifestou a possibilidade de suspender parte de sua ajuda ao país caso a situação não apresente melhorias dentro de 30 dias.
O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, desconsiderou as acusações e afirmou que a questão em Gaza não reside na falta de assistência humanitária.
“A ajuda é mais do que suficiente para satisfazer as necessidades de cada residente de Gaza. O verdadeiro problema é o Hamas, que desvia e comercializa a ajuda destinada à população civil”, declarou.
O órgão militar israelense responsável pela supervisão dos assuntos civis nos Territórios Palestinos, conhecido como Cogat, afirmou que na quarta-feira foram enviados 50 caminhões de ajuda humanitária para o norte de Gaza.
Em uma declaração separada, o UNICEF alertou sobre a falta de água no Líbano, caracterizando a situação como uma “catástrofe para todas as crianças do país”. O UNICEF informou que pelo menos 28 instalações de abastecimento de água foram destruídas, afetando mais de 360 mil pessoas, principalmente na região sul.
O representante do UNICEF no Líbano, Edouard Beigbeder, destacou os danos significativos às infraestruturas críticas devido ao aumento da intensidade dos bombardeios. Ele ressaltou que muitos profissionais de saúde e serviços essenciais perderam a vida em decorrência do conflito.
“É desastroso para as crianças no Líbano, conforme estipulado pelo direito humanitário internacional. Os trabalhadores humanitários devem ser protegidos e as infraestruturas civis devem ser preservadas”, enfatizou.
Adicionalmente, o UNICEF relatou danos a várias escolas, pelo menos 15 hospitais e 70 centros de cuidados de saúde primários. O Ministério da Saúde Pública do Líbano informou que seis hospitais estão fora de serviço e outros cinco operam apenas parcialmente.
*Com informações da RFI.
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