O ex-primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, tomou posse como Secretário-Geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) durante uma cerimônia realizada na sede da entidade em Bruxelas. Rutte sucede o norueguês Jens Stoltenberg e enfrenta o desafio de preservar a unidade da Aliança Transatlântica em um contexto marcado pela guerra na Ucrânia e por uma eleição presidencial nos Estados Unidos, cujos resultados poderão impactar diretamente os planos e investimentos dos EUA na Europa.
A OTAN, estabelecida em 1949, foi inicialmente criada para dissuadir a União Soviética de agredir a Europa e, se necessário, defender seus membros. A organização mantém um papel central nas relações internacionais contemporâneas. Durante a cerimônia, Rutte enfatizou a importância do apoio à Ucrânia, afirmando: “Temos de garantir que a Ucrânia vença como uma nação soberana, independente e democrática.” Essa afirmação reflete o compromisso contínuo da Aliança com a segurança e a integridade territorial da Ucrânia.
Rutte abordou as preocupações acerca das eleições presidenciais nos Estados Unidos, que ocorrerão em novembro e oporão a atual vice-presidente, Kamala Harris, ao ex-presidente Donald Trump. O novo Secretário-Geral declarou: “Não estou preocupado. Conheço ambos os candidatos muito bem.” Rutte observou que trabalhou com Trump durante sua administração, destacando que este incentivou o aumento dos gastos em defesa, resultando em um investimento mais robusto na área. Ele também reconheceu o valor da vice-presidente Harris, afirmando que sua trajetória política é respeitável e que está preparado para colaborar com ambos os líderes.
Em um recado direto ao presidente russo, Vladimir Putin, Rutte declarou que a OTAN não cederá em seu apoio à Ucrânia. “Devemos nos concentrar no esforço de guerra. Quanto mais ajudarmos a Ucrânia, mais cedo a guerra terminará,” afirmou. Essas declarações foram corroboradas pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que manifestou seu desejo de cooperar efetivamente com Rutte para aproximar Kiev da adesão plena à OTAN, ressaltando a importância de reforçar a segurança euro-atlântica.
A agenda de Rutte alinha-se com as prioridades estabelecidas por seu predecessor: garantir apoio contínuo à Ucrânia, pressionar os 32 países membros a aumentar o financiamento para a defesa e assegurar o envolvimento dos Estados Unidos na segurança europeia. As eleições presidenciais americanas têm potencial para influenciar esses objetivos, dado que Trump já expressou publicamente uma postura crítica em relação à OTAN.
Após catorze anos como primeiro-ministro, Rutte renunciou ao cargo em 2024, tendo sempre demonstrado firme apoio à Ucrânia e instado os líderes europeus a abandonarem a postura de lamentação sobre a política externa dos EUA. A adesão recente da Suécia e da Finlândia à OTAN, após décadas de neutralidade militar, reforça a relevância da organização, que garante a defesa coletiva de seus membros.
A OTAN intensificou suas operações no flanco oriental, mobilizando milhares de soldados e revisando seus planos de defesa para se adaptar a um possível ataque russo, um risco que se torna cada vez mais tangível no cenário atual. Enquanto líderes ocidentais caracterizam a OTAN como uma aliança defensiva, Moscou a vê como uma ameaça à sua segurança nacional.
Analistas e diplomatas consideram que a principal missão de Rutte será convencer os países membros a fornecer mais tropas, armamentos e recursos financeiros para implementar novos planos de defesa. As decisões na OTAN são tomadas por consenso, o que requer habilidades diplomáticas significativas por parte do Secretário-Geral. Rutte, com sua vasta experiência em liderar coalizões governamentais, possui as credenciais necessárias para navegar essas complexidades. Contudo, a contenção de críticas a outros países europeus, frequentemente proferidas por ele no passado, poderá ser um ponto de atenção para garantir a coesão interna da Aliança.
*Com informações da RFI.
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