O Brasil enfrenta um cenário crítico na formação de profissionais de tecnologia, projetando um déficit de 532 mil especialistas até 2029. Em audiência pública realizada pela Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado, senadores e especialistas discutiram a importância da ampliação da conectividade digital e da capacitação de populações vulneráveis como medidas fundamentais para preencher essa lacuna. O debate, promovido pelo senador Fernando Dueire (MDB-PE), abordou os principais entraves à inovação e políticas públicas no setor, com foco no programa federal Conecta e Capacita, que visa expandir a infraestrutura tecnológica e preparar profissionais qualificados.
O senador Dueire, responsável pela apresentação de um relatório sobre os desafios à inovação no país, destacou a crescente demanda por mão de obra no setor tecnológico. Segundo ele, o Brasil forma atualmente cerca de 53 mil profissionais da área por ano, número insuficiente para suprir as demandas de mercado que exigem competências em desenvolvimento de aplicativos, e-commerce, análise de dados e segurança cibernética.
“A expansão da conectividade é essencial para desenvolvermos o potencial da nossa economia digital e capacitarmos mais brasileiros para essas funções”, declarou Dueire.
Conecta e Capacita: Investimentos e expansão da conectividade
O secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Inácio Arruda, detalhou o papel do programa Conecta e Capacita, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A iniciativa visa aumentar o alcance da rede de infovias em áreas mais isoladas, apoiada por investimentos estimados em R$ 500 milhões, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Segundo Arruda, a ampliação da infraestrutura digital é crucial para assegurar que diversas instituições de ensino superior e centros de pesquisa em todo o país tenham acesso a uma conexão robusta.
Desafios de coordenação e mapeamento de ações de inovação
O senador Wellington Fagundes (PL-MT) enfatizou a necessidade de coordenação entre ministérios para otimizar os recursos aplicados no setor de inovação, alertando para o risco de sobreposição de ações que poderiam resultar em desperdício de verba pública. Ele destacou iniciativas conjuntas com os ministérios da Educação e das Mulheres, mas reforçou a importância de estabelecer diretrizes claras para evitar duplicidade de esforços.
A coordenadora-geral de Incentivo à Cooperação e Inovação na Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Marcela França, mencionou o mapeamento das ações de inovação, com previsão de conclusão para o próximo ano. Ela apontou como principal desafio a conectividade nas áreas remotas, com o objetivo de oferecer oportunidades equivalentes às dos grandes centros urbanos.
“Ainda enfrentamos barreiras, mas continuamos buscando formas de ampliar o acesso e a infraestrutura para que todas as regiões tenham igualdade de oportunidades”, afirmou França.
Para evitar desperdícios e direcionar recursos de forma mais estratégica, Fagundes sugeriu uma audiência pública específica antes da aprovação da Lei Orçamentária Anual, permitindo uma análise detalhada das demandas do setor de inovação e tecnologia. Dueire também defendeu a realização de uma nova audiência, com a intenção de aprimorar o planejamento interministerial e otimizar o alinhamento entre as políticas de ciência e tecnologia.
Parcerias com o setor industrial
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também contribuiu para o debate. Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior da instituição, destacou a ampla presença do Senai em 95% dos municípios brasileiros, onde oferece cursos em cibersegurança, análise de dados e programação. Segundo Morgado, a formação alinhada às demandas do mercado é essencial para responder à carência de profissionais qualificados na área tecnológica.
Investimento e expansão das redes de pesquisa
Francilene Garcia, vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), reforçou a necessidade de financiamento contínuo para a expansão das infovias e do fortalecimento das redes de pesquisa, especialmente nas regiões mais carentes. Ela defendeu o Conecta e Capacita como uma iniciativa crucial para promover a autonomia tecnológica do Brasil e garantir que a ciência nacional se mantenha competitiva em nível global.
“A pesquisa e a inovação dependem de infraestrutura adequada. Sem isso, o país corre o risco de estagnar seu desenvolvimento científico e tecnológico”, afirmou Garcia.
*Com informações da Agência Senado.
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